Quadro pintado e assinado 100% por inteligência artificial será leiloado por R$ 37 mil

de Otto Valverde 0

A Christie’s, uma das casas de leilões mais famosas do mundo, que já vendeu obras de artistas renomados como Picasso e Monet a preços recordes, está trazendo ao público algo inovador e tecnológico.

A empresa está colocando à venda o primeiro quadro feito com I.A (inteligência artificial), retratando um homem acima do peso em pinceladas embaçadas, vestido com um casaco escuro de colarinho branco.

Sua posição descentralizada deixa espaço em branco suficiente para mostrar a assinatura do grande artista, o famoso “min max Ex[log(D(x))] + Ez[log(1-D(G(z)))]”. A pintura será leiloada amanhã, 25, em Nova York e o lance mínimo é de US$ 10.000 dólares.

A obra faz parte de um grupo de retratos da família fictícia chamada Belamy, criada por especialistas de 25 anos, formados em Paris, na França. Eles usaram uma “rede aleatória e contraditória” para armazenar 15 mil retratos pintados entre os séculos XIV e XV, usando um algoritmo matemático para executar as pinturas.

O trabalho foi tão bem feito que conseguiu enganar um sistema de altíssima tecnologia que é capaz de distinguir se uma obra foi feita por humanos ou por computadores. Isso ocorreu após inúmeras tentativas fracassadas.

“Pode não ter sido pintado por um homem com uma peruca empoeirada, mas é exatamente o tipo de arte que vendemos no mundo todo há 250 anos”, disse Richard Lloyd, organizador da venda da casa de leilões – em comunicado à imprensa. O algoritmo foi criado pela empresa Obvious, com sede em Paris, composta por Hugo Caselles-Dupré, Pierre Fautrel e Gauthier Vernier.

Gauthier fez questão de ressaltar que o feito tecnológico, em absoluto, tenta retirar o brilho e a importância que as grandes obras feitas por artistas impressionantes têm para o mundo contemporâneo. Ele comentou que há espaço suficiente para todos expressarem arte, seja com tecnologia ou talento nato.

“Nós vemos isso como um novo ramo de arte, da mesma forma que a fotografia revolucionou o século XIX. Somos uma geração de jovens criativos, mas certamente não substituiremos outros artistas inovadores”, salientou. Os três moram juntos em um apartamento em Paris e se conheceram na universidade durante os estudos.

Nicolas Laugero Lasserre, um professor de arte mundialmente conhecido, defendeu os 11 retratos criados usando I.A. como sendo uma incrível coleção inovadora.

Em fevereiro deste ano, ele comprou a primeira obra do grupo Obvious por € 10.000 euros, o equivalente a quase R$ 42.000 reais e doou para a galeria Art 42, de Paris.

Como funciona a Inteligência Artificial?

Os sistemas de inteligência artificial dependem de redes neurais artificiais (RNAs), que tentam simular a maneira como o cérebro trabalha para aprender. As RNAs podem ser treinadas para reconhecer padrões de informação – incluindo fala, dados de texto ou imagens visuais – e são a base para um grande número de desenvolvimentos em pesquisas nos últimos anos.

A I.A. convencional usa a entrada para “ensinar” um algoritmo sobre um determinado assunto, alimentando-o com enormes quantidades de informação.

As aplicações práticas incluem os serviços de tradução de idiomas do Google, o software de reconhecimento facial do Facebook e os filtros ao vivo que alteram a imagem do Snapchat.

O processo de entrada desses dados pode ser extremamente demorado e está limitado a um tipo de conhecimento. 

Uma nova geração de RNAs, chamada Redes Adversariais Neurais, coloca a inteligência de dois robôs I.A. um contra o outro, o que lhes permitem aprender entre si. Essa abordagem é projetada para acelerar o processo de aprendizado, bem como para refinar a saída criada pelos sistemas inteligentes.

Ridicularizados

Inicialmente, a empresa era ridicularizada e muitos diziam: “Quem são estes caras? O que eles acham que estão fazendo?”, comentou Pierre Fautrel, um dos donos da empresa. Hoje, ele comenta que a imprensa internacional considera o trio como grandes artistas.

Eles comentaram ter ficado assustado quando a casa Christie’s telefonou dizendo estar interessada em leiloar uma de suas obras, abrindo um diálogo com as novas tecnologias e o impacto destas criações no mercado de arte.

“No momento, gerenciar essas ferramentas, requer habilidades raras e tecnologia muito cara. Mas, podemos imaginar que amanhã essas ferramentas serão amplamente usadas em todo o planeta”, comentou Lindsay Griffith, uma das administradoras de venda da casa de leilão.

Abaixo, você pode ver algumas das obras produzidas pela Obvious, bem como um vídeo:

O Retrato de Edmond Belamy foi inteiramente criado por um algoritmo.

 

A obra faz parte de um grupo de retratos da família fictícia chamada Belamy, criada por especialistas de 25 anos, formados em Paris, na França. Eles usaram uma “rede aleatória e contraditória” para armazenar 15 mil retratos pintados entre os séculos XIV e XV, usando um algoritmo matemático para executar as pinturas.
“O Barão de Belamy”
O Retrato de Edmond Belamy e A condessa de Belamy

 

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Obvious

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