Proteínas de anêmonas-do-mar podem reverter perda auditiva em humanos

de Julia Moretto 0

As anêmonas-do-mar podem ajudar a restaurar a perda auditiva em humanos? De acordo com uma recente pesquisa, essas criaturas consideradas maravilhas regenerativas, guardam mais segredos do que imaginávamos. 

Elas têm sido estudadas há bastante tempo pelos cientistas. No entanto, sua habilidade de se dividir ao meio durante a reprodução assexuada e regenerar seus corpos nunca havia sido associada à perda auditiva. Assim, quando as anêmonas do mar se dividem, elas também acionam as células ciliadas, que cobrem seus tentáculos.

Estas pequenas células, que são sensíveis a vibrações na água e que ajuda a detectar suas presas, são semelhantes às células ciliadas encontrados nas cavidades dos ouvidos dos seres humanos. Porém, quando são danificadas, nossas células não se reparam facilmente.

Procurando solucionar o problema humano com a ajuda desses incríveis seres, o biólogo da Universidade de Louisiana, Glen Watson, buscou saber se as proteínas dos anêmonas poderiam também trabalhar em mamíferos. O estudo foi publicado na Biology Journal of Experimental.

O primeiro passo do estudo foi quando Watson e sua equipe descobriram que um coquetel de proteínas no muco dos corpos das criaturas do mar ajudava a restaurar as células ciliadas lesadas. Após isolarem estas proteínas, os cientistas testaram essa possibilidade de regeneração em ratos, mais precisamente em suas células danificadas da cóclea.

Buscando imitar a perda auditiva em camundongos, os estudiosos privaram as células ciliadas de íons de cálcio, responsável por manter a estrutura da célula necessária para transmitir o som. Isso fez com que as células ciliadas ficassem espalhadas ao invés de em feixes organizados. Elas foram danificadas da mesma maneira que as células em nossos ouvidos se danificam por sons altos.

A equipe, então, banhou as células ciliadas danificadas com um coquetel de proteínas de reparo. Uma hora mais tarde, a estrutura já tinha apresentado uma melhora significativa, tornando-se muito mais rígida.

Este é um passo muito útil para restaurar a estrutura e a função dessas células danificadas“, diz Sheets Lavinia, uma pesquisadora da Harvard Medical School que não estava envolvida no estudo, à Science News.

No futuro, Watson e seus colegas planejam investigar se os mesmos resultados são observados in vivo. “Se pudermos chegar a essas células ciliadas antes delas se danificarem, haverá uma possibilidade de reduzir a perda de audição“, disse Watson. Embora a descoberta possa levar ao avanço no tratamento da perda auditiva, ela ainda é inicial e precisa ser mais estudada.

[ Foto: Reprodução / Pixabay ]

Jornal Ciência