Produtos de limpeza doméstica, pesticidas e perfumes são tão ruins para atmosfera quanto os carros, sugere estudo

de Merelyn Cerqueira 0

Substâncias químicas que contêm compostos derivados do petróleo, incluindo produtos de limpeza doméstica, pesticidas, tintas e perfumes, contribuem tanto para a poluição do ar quanto os veículos.

Tais afirmações foram feitas de acordo com um estudo, publicado recentemente na revista Science, que afirmou que subestimamos o impacto tóxico de produtos que contêm compostos refinados de petróleo.

Os pesquisadores, do Instituto Cooperativo de Pesquisa em Ciências Ambientais (CIRES), também descobriram que as pessoas expostas a concentrações muito altas desses compostos em ambientes fechados, podem recebê-los 10 vezes mais concentrado do que no exterior, segundo informações do Daily Mail.

“À medida que o transporte fica mais limpo, essas outras fontes tornam-se cada vez mais importantes”, disse Brian McDonald, cientista do CIRES que também trabalha na Divisão de Ciência Química da NOAA. “O material que usamos em nossas vidas cotidianas pode afetar a poluição do ar”.

Para o estudo, os pesquisadores se concentraram em compostos orgânicos voláteis que podem entrar na atmosfera e reagir para produzir substâncias de ozônio ou partículas – ambas reguladas por muitos países devido aos impactos na saúde humana, como o dano aos pulmões, por exemplo.

Muitas das pessoas que vivem em grandes cidades assumem que grande parte da poluição que respiram vem de emissões de carros e caminhões. No entanto, isso foi verdade apenas nas últimas décadas, devido ao fato de que os fabricantes automotivos fizeram mudanças limitativas na questão da poluição produzida pelos motores.

Os pesquisadores concluíram que a quantidade de COVs emitidos por produtos industriais e de consumo cotidiano é na verdade duas a três vezes maior do que as estimativas atuais, que também superestimam a poluição vinda dos veículos.

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA, por exemplo, estima que cerca de 75% das emissões de COV provêm dos veículos, enquanto que apenas 25% de produtos químicos.

No entanto, o novo estudo, que fez uma avaliação detalhada de estatísticas e dados atualizados, mostrou que essa divisão é, na verdade, mais próxima de 50-50%.

“A gasolina é armazenada em recipientes fechados, em tanques, e os COVs presentes nela são queimados por energia”, explicou Jessica Gilman, cientista da NOAA e coautora do estudo.

“Mas os produtos químicos voláteis utilizados em solventes comuns e produtos de cuidados pessoais são literalmente concebidos para evaporar. Usamos esse perfume ou produtos perfumados para que nós ou nossos vizinhos possam desfrutar do aroma, mas não fazemos isso com gasolina”, argumentou.

A equipe estava interessada em como esses COVs particularmente acabaram contribuindo para a poluição por partículas.

Uma avaliação abrangente publicada na revista médica britânica Lancet no ano passado colocou a poluição do ar na lista das cinco principais ameaças à mortalidade global. Segundo os cientistas responsáveis, a “poluição por partículas em meio ambiente” era o maior risco de poluição atmosférica.

Os cientistas ressaltaram que, embora as medidas protetivas ao Meio Ambiente sobre a poluição dos carros foi eficaz, agora a abrangência precisa ser mais completa, visto que os carros não são os grandes vilões, e estamos ignorando a capacidade de poluição atmosférica dos produtos de uso diário que temos em nossas casas.

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Daily Mail

Jornal Ciência