Pesquisadores encontram barreira de coral sete vezes maior que Nova York

de Merelyn Cerqueira 0

A Grande Barreira de Coral (GBR), localizada entre as praias do nordeste da Austrália e Papua-Nova Guiné, é considerada a maior estrutura do mundo feita unicamente por organismos vivos. Com seus 2.900 quilômetros de comprimento ela é uma das mais notáveis maravilhas naturais do mundo.

Contudo, mudanças induzidas pelos efeitos do aquecimento global estão causando calefação e acidificação dos oceanos, o que está destruindo sistematicamente essa região. Felizmente, e após 30 anos de investigação e dados imprecisos, uma equipe de pesquisadores conseguiu revelar que, de fato, existe outra grande barreira, segundo informações da IFLScience.

Mais especificamente, ela é pouco menor do que a GBR, e está localizada em um recife mais profundo que abrange uma área de mais de 6.000 km². Isto é, maior do que 7,5 cidades de Nova York.

Segundo os pesquisadores, ela está coberta por montículos em forma de rosca, cada um medindo até 300 metros de diâmetro e 30 metros de espessura, e compostos de crescimentos organizados de uma espécie de alga verde chamada Halimeda – que se desenvolve a partir de sedimentos calcificados.

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Segundo o coautor do estudo, Robin Beaman, da James Cook University, tais estruturas geológicas, localizadas ao norte da Grande Barreira de Coral, já são conhecidas pela Ciência desde os anos 1970 e 80, “mas nunca antes a verdadeira natureza de sua forma, tamanho e vasta escala tinha sido revelada”.

O novo recife foi considerando notavelmente grande, sendo três vezes maior do que as estimativas anteriores. Ele se estende logo ao norte de Port Douglas, até todo o comprimento do Estreito de Torres.

Em um artigo publicado pela revista Coral Reefs, a equipe anunciou, em nota, a descoberta feita a partir de uma tecnologia de radar que utiliza lasers ao invés de ondas de rádio para procurar objetos. O dispositivo foi implantando em aeronaves da Marinha Real Australiana.

Até o momento, o cientista não tem informações do quanto o recife em questão foi afetado pelas mudanças climáticas. No caso da GBR, estima-se que mais de 50% dos componentes estejam mortos, ao passo que 93% tenham se tornado esbranquiçados – um fenômeno que ocorre quando microalgas que vivem dentro do coral são expulsas, levando as cores com elas. Sem essas algas simbióticas, o coral não somente morre de fome como também se torna mais suscetível às doenças e, potencialmente, à morte.

Agora, os especialistas precisarão realizar mais trabalhos para determinar se o recife recém-descoberto está de fato compartilhando o mesmo destino sombrio. Para isso, eles terão de tomar amostras dos crescimentos Halimeda, também conhecidas como biohermas.

Assim eles serão capazes de compreender como elas se desenvolveram no tempo, em períodos anteriores de mudanças oceanográficas, bem como o clima e as alterações ambientais por que passaram.

[ Foto: Reprodução / Australia Hydrographic Service / JCU ]

Jornal Ciência