Pesquisadores desenvolvem interface que permite que pessoas com paralisia se comuniquem mais rápido do que nunca

de Merelyn Cerqueira 0

Cientistas de Stanford, nos EUA, desenvolveram uma nova interface, chamada BrainGate Neural Interface System, que permite a pessoas com paralisia se comunicar mais rápido do que outros métodos já inventados, de acordo com informações do Daily Mail.

 

O sistema funciona através da digitação controlada pelo cérebro. Para isso, minúsculos eletrodos são implantados na cabeça do paciente, que logo se torna capaz de mover um cursor em uma tela enquanto imagina movimentos da mão. De acordo com a equipe, o sistema é um “marco importante” nos esforços científicos para melhorar a vida de pessoas com fraqueza severa dos membros e paralisia, incluindo pacientes com esclerose e lesões na medula espinhal.

 

Para o estudo, três participantes – dois com esclerose lateral amiotrófica (ELA, ou doença de Lou Gehrig) e outro com lesão medular – receberam a conexão. Cada um recebeu um ou dois eletrodos em seus cérebros. Eles serviriam para registrar sinais do córtex motor, que controla os movimentos musculares. Em seguida, os sinais eram transmitidos para um computador por cabo, e traduzidos por algoritmos para comandos como apontar e clicar.

 

Apesar do receberem apenas um treinamento mínimo, cada participante conseguiu superar os resultados de testes anteriores, realizados com outros sistemas. Eles foram capazes de fazê-lo sem nenhuma ferramenta que completasse as palavras automaticamente. Em um vídeo demonstrativo do sistema em ação, os cientistas revelam como os pacientes conectados ao implante podem controlar um cursor para digitar rapidamente palavras em uma tela. Dois deles conseguiram atingir médias de 6,3 e 2,3 palavras por minuto, respectivamente.

 

Durante o ensaio, os pesquisadores acompanharam a velocidade com que os participantes eram capazes de copiar a frase: “A rápida raposa marrom saltou sobre o cão preguiçoso”. Um dos participantes, Dennis Degray, de Menlo Park, Califórnia, foi capaz de digitar uma média de 7,8 palavras por minuto. Hoje com 64 anos, ele se tornou tetraplégico em 2007, quando escorregou na grama molhada no momento em que tirava o lixo da chuva. O impacto lesionou severamente sua espinha, rompendo a comunicação entre seu cérebro e musculatura.

 

De acordo com o professor de Neurocirurgia Jaimie Henderson, que realizou dois dos três implantes no Stanford Hospital, “o sucesso do estudo marca um passo importante no caminho para melhorar a qualidade de vida das pessoas com paralisia”. Este estudo relata a maior velocidade e precisão, por um fator de três, sobre o que já foi mostrado antes”, completou a coatora do estudo Krishna Shenoy, professor de Engenharia Elétrica. “Estamos nos aproximando da velocidade a qual você pode digitar um texto em seu celular”.

 

Os pesquisadores estimam que a sistemas semelhantes e completamente sem fio poderiam ser implantados dentro dos próximos 5ou 10 anos, e que as pessoas poderiam usá-los sem a ajuda de um profissional de saúde.

[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / Daily Mail ]

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