O que realmente acontece com o feto quando a mãe bebe, fuma ou usa outras drogas?

de Merelyn Cerqueira 0

É amplamente divulgado que o consumo de álcool e drogas durante a gravidez pode ser extremamente prejudicial para o feto. Por exemplo, o cigarro é responsável pelo aumento de risco de morte fetal, abortos e defeitos congênitos. Já o álcool tem sido associado a risco de paralisia cerebral nos bebês.

O que pouco se sabe é como, exatamente, essas substâncias afetam as crianças no útero. Para responder isso o site MentalHelp, que auxilia dependentes químicos, separou algumas informações sobre o assunto.

Como o cigarro afeta o bebê?

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1 – Natimortos

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Karolinska, na Suécia, que analisou mais de 25 mil mulheres grávidas, que fumaram durante a gravidez, o risco de mortalidade infantil praticamente dobrou. No entanto, quando o hábito era interrompido durante o primeiro trimestre, o risco ficava parecido ao das não fumantes. Isso mostra que parar de fumar o mais cedo possível pode ajudar a proteger a saúde da criança.

Sem surpresa nenhuma, os cientistas também constataram que as chances de aborto espontâneo eram maiores conforme o número de cigarros fumados durante a gravidez.

2 – Aborto espontâneo

Em uma revisão de 98 estudos realizada por pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia, sobre a relação do tabaco com o aborto foi encontrado que, para cada cigarro fumado por uma mulher grávida por dia, o risco de aborto espontâneo aumentava em um por cento. Até mesmo a exposição passiva ao fumo durante a gravidez pode elevar a chance de aborto em 11%, de acordo com os pesquisadores.

Normalmente, o descolamento prematuro da placenta ocorre em quase 2% das gestações, porém, com a presença do fumo os perigos são maiores. De acordo com um estudo realizado pela Escola de Higiene e Saúde Pública, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, o risco aumenta 40% por ano mesmo se a mulher tiver fumado antes de engravidar.

3 – Nascimento prematuro

O nascimento prematuro pode causar sérios problemas de saúde nos bebês, incluindo hemorragia cerebral e doenças imunológicas. Estudos já comprovaram que o fumo está associado aos riscos de parto prematuro, e eles aumentam conforme a quantidade de cigarros fumados pela mulher durante a gravidez.

De acordo com especialistas da Universidade de Fukuoka, no Japão, fumar durante a gravidez aumenta em 75% os riscos de a criança nascer abaixo do peso ideal – normalmente definido em cerca de 2,5 kg – e está associado a um maior risco de desenvolvimento de doenças, infecções e dificuldades de aprendizagem.

Como o álcool afeta o bebê?

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1 – Natimorto e aborto

As mulheres que consomem álcool durante a gravidez têm 40% mais chances de dar à luz a um natimorto, de acordo com pesquisadores da East Tennessee State University. Mesmo beber com pouca frequência pode aumentar os riscos. Enquanto os abortos espontâneos ocorrem em até 20% das gestações, os pesquisadores também descobriram que o consumo frequente de bebidas alcoólicas pode multiplicar esses riscos.

2 – Síndrome Alcoólica Fetal

A síndrome alcoólica fetal (SAF) é um espectro de condições causadas pela exposição do bebê ao álcool. Os diagnosticados podem experimentar atrofia, deformidade facial, deficiências cognitivas e atrasos no desenvolvimento.

Segundo cientistas da Universidade do Novo México, o consumo excessivo de álcool na gravidez também aumenta as chances de o bebê desenvolver doenças após o nascimento, devido às elevadas concentrações presentes no sangue da criança.

3 – Paralisia Cerebral

Apesar de ter uma série de causas, a paralisia cerebral também já foi associada ao consumo excessivo de álcool. Em mulheres diagnosticadas como dependentes, cientistas da Universidade Curtin, na Austrália, descobriram que os riscos de paralisia cerebral nos bebês são maiores.

4 – Baixo peso

Semelhante ao cigarro, o consumo de álcool também condiciona o feto a esse risco, segundo descobertas realizadas por pesquisadores do Centro Médico Erasmus, em Rotterdam. Entre as mulheres que consumiam a bebida, em média, uma ou duas vezes por dia, os riscos de dar à luz uma criança abaixo do peso aumentavam em até quatro vezes.

Como a cocaína afeta o bebê?

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1 – Cardiopatias

O consumo de cocaína por mulheres grávidas pode ter um impacto negativo sobre o desenvolvimento do feto, segundo uma pesquisa realizada pela University of Western Ontario. A droga está associada a anormalidades cardíacas – incluindo defeitos nos átrios e ventrículos, subdesenvolvimento do coração e arritmia – tanto antes quanto após o nascimento. Isso ocorre devido à morte do tecido do coração, causada pela exposição do feto à cocaína.

2 – Problemas renais

A displasia renal é uma condição que causa o desenvolvimento anormal dos rins durante a gravidez. De acordo com o Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais, dos EUA, ela pode ocorrer a partir do consumo de cocaína pelas mulheres durante a gravidez. A condição prejudica a capacidade de filtragem dos rins e também da produção de urina. Eles também ficam cheios de cistos ao invés de um tecido renal saudável. A condição leva à necessidade de diálise ou transplantes. E quando ambos os rins são afetados, os bebês raramente sobrevivem.

3 – Redução do fluxo sanguíneo na placenta

A cocaína provoca a constrição dos vasos sanguíneos, nas mulheres grávidas isso pode reduzir o fluxo de oxigênio para a placenta. De acordo com o especialista Dr. Theodore Stern, do Massachusetts General Hospital, EUA, o uso da droga também pode causar descolamento prematuro da placenta e colocar em risco a vida da mãe e da criança. 

4 – Nascimento prematuro

A cocaína também foi associada a uma maior probabilidade de partos prematuros, levando a danos nos pulmões, coração e cérebro dos bebês. De acordo com cientistas do Hospital Monte Sinai, em Toronto, as mães que consomem a droga durante a gravidez apresentam cerca de três vezes mais chances de darem à luz a prematuros.

5 – Cabeças menores

Os bebês cujas mães fizeram uso da droga durante a gravidez também correm o risco de nascerem com o um perímetro cefálico menor, em comparação com as proporções do restante do corpo. A cabeça pequena poderia ser associada ao desenvolvimento deficiente do cérebro ainda no período pré-natal, de acordo com pesquisadores da Universidade de Columbia.

Como a heroína afeta o bebê?

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1 – O bebê se torna viciado

A heroína é uma droga altamente viciante que pode provocar abstinência nos recém-nascidos de mães que consomem a substância. Chamada de síndrome de abstinência neonatal, ela pode incluir sintomas de irritabilidade, diminuição da capacidade de regular a temperatura corporal e até mesmo convulsões.

2 – HIV e Hepatite

Os usuários, que muitas vezes injetam a droga, podem compartilhar agulhas já utilizadas, aumentando o risco de contrair e transmitir HIV e hepatite. As mulheres grávidas portadoras de ambos os vírus podem transmiti-los para os bebês em desenvolvimento. O HIV, que causa a AIDS, prejudica a função imunológica e pode necessitar de tratamento ao longo de toda a vida, enquanto a hepatite B pode resultar em riscos graves para o bebê, incluindo danos no fígado e até mesmo a morte. 

3 – Nascimento prematuro

O uso de heroína durante a gravidez pode produzir mudanças estruturais insalubres na placenta e cordão umbilical – que fornece oxigênio e nutrientes para o desenvolvimento do bebê. Devido a essas mudanças, os bebês são mais propensos a nascerem de forma prematura e a serem condicionados a uma série de riscos de saúde, bem como nascer abaixo do peso, de acordo com o Dr. Theodore Stern, do Massachusetts General Hospital.

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Daily Mail / Cultura Mix 

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