O que aconteceu com o famoso buraco na camada de ozônio? Por que ninguém fala mais dele?

de Merelyn Cerqueira 0

Quando foi descoberto, virou preocupação mundial, no entanto, depois da assinatura do Protocolo de Montreal em 1989, o que será que aconteceu com o buraco?

Foi um caso que mudou a percepção pública sobre o meio ambiente para sempre – um buraco gigante que crescia cada vez mais, mobilizou gerações de cientistas e uniu todo mundo contra uma batalha que ameaçava destruir a atmosfera. No entanto, 30 anos depois da sua descoberta, a história do buraco na camada de ozônio não teve o final assustador que lhe era previsto. Sendo assim, o que aconteceu para que essa conversa mudasse e qual a situação dele hoje?

Para entender melhor isso, temos que voltar cerca de 250 anos no tempo. Os cientistas vêm tentando estudar o invisível desde o início da Ciência. No entanto, a primeira e verdadeira compreensão sobre a atmosfera da Terra aconteceu durante os anos 1700.

Em 1776, Antoine Lavoisier comprovou que o oxigênio era um elemento químico e merecia um lugar na tabela periódica. A descoberta de Lavoisier estimulou experiências com eletricidade, que por sua vez, mostraram que a reação da eletricidade com o oxigênio produzia um cheiro estrando e ligeiramente picante.

Na década de 1830, Christian Friedrich Schönbein cunhou o termo “ozônio” para esse odor, derivado da palavra grega “ozein”, que significa “para cheirar”. Eventualmente, o ozônio foi descoberto como sendo um gás de três átomos de oxigênio e os cientistas começaram a especular que era ele era um componente crítico da atmosfera e que até era capaz de absorver raios solares.

Indo para 1913, os cientistas franceses Charles Fabry e Henri Buisson, utilizando um interferômetro, conseguiram realizar medições mais precisas da existência de ozônio na atmosfera. Eles descobriram que o ozônio era capaz de se acumular em uma camada na estratosfera, a cerca de 25 a 35km de altitude, além de ser capaz de absorver luz ultravioleta.

Sendo assim, e porque bloqueia parte da radiação que deveria alcançar a superfície da Terra, o ozônio proporciona proteção essencial contra os raios solares. Se não houvesse ozônio na atmosfera, segundo a NASA, “os intensos raios UV iriam esterilizar a superfície da Terra”.

Com o passar do tempo, os cientistas descobriram que essa camada é extremamente fina e que varia ao longo do dia e estações do ano, além disso, possui concentrações diferentes de acordo com a área e, o pior de tudo, poderia acabar.

Durante a década de 70, essa preocupação estava relacionada a emissões provenientes de aeronaves supersônicas, ônibus espaciais que emitiam escape direto na atmosfera e que poderiam afetar os gases naquela atitude. No entanto, e graças à descoberta que rendeu um Nobel a Paul Crutzen, Mario Molina e F. Sherwood Rowland, ficou constatado que os maiores inimigos da camada de ozônio eram os clorofluorcarbonos (ou CFC), presentes em garrafas de spray e que destruíam o gás na atmosfera.

Essa descoberta fez com que a atenção de todo o mundo se virasse para a fina camada que rodeia a Terra. Fato que desencadeou um acordo mundial, talvez o mais bem-sucedido acordo internacional de todos os tempos, que visava diminuir a emissão de CFC na atmosfera.

No entanto, hoje em dia, os cientistas entendem muito mais sobre a camada de ozônio do que naquela época. Eles descobriram que é um efeito sazonal, que se forma durante a primavera na Antártida – quando o tempo começa a esquentar e o ozônio entra em reação com os CFCs na atmosfera. Quando o tempo esfria, durante o inverno da Antártida, o buraco se recupera gradualmente até o próximo ano. Além disso, o buraco da Antártida não está sozinho. Em 2003 foram descobertos miniburacos no Tibete e, em 2005 um no Ártico.

Todos os anos, durante a primavera, cientistas de todo o mundo acompanham esse esgotamento do gás na camada de ozônio com balões de medição sobre toda a Antártida e descobriram que ele está ficando cada vez menor. Segundo eles, se o Protocolo de Montreal nunca tivesse sido implementado, o buraco teria crescido cerca de 40% 2013. No entanto, uma “cicatrização” completa é esperada até 2050.

Para o pesquisador químico da National Oceanic and Atmospheric Administration, que ajuda a monitorar esse buraco na camada de ozônio, a consciência pública a respeito meio ambiente mudou desde a descoberta do buraco. Segundo ele, as pessoas passaram a se preocupar mais com os problemas ambientais e que essa solução do problema na camada de ozônio pode ser um “farol de esperança” para ajudar a resolver as terríveis mudanças climáticas.

Fonte: Smithsonianmag Foto: Reprodução / Wikipédia

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