NASA acaba de explicar por que há poeira levitando sobre a superfície da Lua

de Merelyn Cerqueira 0

Em um estudo publicado recentemente pela Geophysical Research Letters, cientistas da NASA afirmaram ter descoberto por que as partículas de poeira na Lua “flutuam” acima de sua superfície, apesar de não haver vento ou água corrente para mantê-las assim.

A descoberta, de acordo com informações do Science Alert, não só poderia explicar como essas partículas são transportadas através de grandes distâncias, como também poderia descrever processos que ocorrem em muitos ambientes sem ar, como os anéis de Saturno. O modelo proposto pelos cientistas, de acordo com o pesquisador Xu Wang, do Ames Research Center da NASA, na Califórnia, resolveu um mecanismo fundamental de transporte de poeira que há muito intriga especialistas.

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Há mais de cinco décadas, os cientistas já sabem que tais partículas, formadas por impactos de micrometeoritos nas rochas da Lua, explicam o “brilho estranho” no horizonte, um fenômeno observado na década de 1960 pelos astronautas da missão Apollo e pelas sondas Surveyor, da NASA. Quando Apollo orbitou no lado distante de nosso satélite natural, os astronautas viram um arco de luz incrivelmente brilhante ao horizonte logo após o pôr do sol. Mais tarde, o mesmo evento foi testemunhado sobre os anéis de Saturno, e em crateras do asteroide Eros. 

Esses são todos os exemplos de transporte de poeira através de vastas regiões sem ventos ou água corrente”, disse a NASA. “Os cientistas acreditavam que os processos de poeira eletrostática poderiam explicar essas observações espaciais, mas até agora, não havia estudos para apoiar essas explicações”.

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Então, para descobrir se essas partículas realmente estavam sendo mantidas em suspensão acima da superfície da Lua por forças eletrostáticas, os cientistas realizaram uma experiência em laboratório para verificar a reação de partículas micrométricas quando expostas à radiação UV ou plasma (gases carregados eletricamente).

De acordo com eles, em ambos os casos, as partículas saltaram vários centímetros acima da superfície, e considerando um cenário lunar, a luz se espalharia para criar o brilho do horizonte. O fulgor do horizonte da Lua – visto nas imagens tiradas por Surveyor 5, 6 e 7, há cinco décadas – pode ter sido causado, em parte, pela dispersão da luz solar em uma nuvem de partículas de poeira eletrostática”, escreveram os cientistas.

O estudo concluiu que as propriedades estranhas presentes na poeira lunar, combinadas com a radiação UV ou plasma solar, podem causar a levitação das partículas soltas, ou grandes aglomerados de poeira, acima da superfície. Isso ocorre devido a uma reação de emissão e absorção de elétrons dentro de micro cavidades, formadas entre partículas vizinhas e que podem inesperadamente criar grandes cargas elétricas e intensas forças repulsivas.

A equipe da NASA disse que o mesmo fenômeno, teoricamente, poderia ocorrer em qualquer ambiente sem ar, o que pode explicar como as partículas se movem pelos anéis de Saturno ou formam “lagos de poeira” em torno do asteroide Eros, mesmo que não haja ventos para impulsioná-las.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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