Mulheres querem “perfumar” suas vaginas e ginecologistas explicam o perigo desta prática

de Merelyn Cerqueira 0

Em um artigo publicado pela The Conversation, a ginecologista Dra. Deborah Bateson, do departamento de obstetrícia, ginecologia e neonatologia da Universidade de Sydney, na Austrália, dissertou sobre a questão da limpeza vaginal que tem se tornado uma tendência preocupante entre as mulheres.

Ela sugere que estas, especialmente a famosa “vaporização vaginal” que promete eliminar o odor vaginal e manter a região íntima fresca, são desnecessárias e prejudiciais à saúde.

A médica revelou que cada vez um número maior de mulheres está acreditando que a vagina deve exalar um cheiro de “pétalas de rosa” ou “baunilha”.

No entanto, ela alertou que todos os procedimentos que prometem este tipo de limpeza são desnecessários, uma vez que o órgão é “autolimpante”. E esse processo de limpeza, que resulta em um pequeno corrimento, é essencial, uma vez que desempenha um papel importante na manutenção da região íntima.

“Desde a puberdade, quando o estrogênio entra em ação, a vagina é colonizada por bactérias saudáveis ​​do grupo Lactobacillus que produzem ácido lático”, explica a médica. “Este ecossistema vaginal finamente equilibrado é referido como o microbioma vaginal e a acidez resultante da vagina proporciona proteção contra infecções sexualmente transmissíveis”.

Um corrimento vaginal saudável é composto por líquidos das paredes vaginais, muco do colo do útero e lactobacilos. Como o ambiente vaginal é influenciado por hormônios, a variação na quantidade de corrimento saudável é completamente normal, segundo a médica.

“Além de proporcionar um ambiente protetor, o corrimento vaginal saudável proporciona a lubrificação natural com algo entre 1 e 4 ml de fluidos produzido a cada 24 horas, escreve.

Segundo a Dra. Bateson, uma secreção vaginal saudável tem um cheiro característico, e em algumas mulheres pode ser mais forte devido ao grande número de glândulas sudoríparas presentes na região púbica. No entanto, ela adverte que, enquanto a lavagem dentro da vagina não é recomendada, é importante manter a pele externa limpa.  

“Qualquer coisa colocada na vagina pode potencialmente perturbar o ambiente e sua flora equilibrada, incluindo absorventes internos, o pênis, preservativos, sêmen, dedos e brinquedos sexuais higiênicos”, explicou. “A perturbação nestes casos é quase sempre temporária e a vagina se restaura rapidamente”.

No entanto, este pode não ser o caso com produtos de higiene vaginal, como as duchas. Estas podem conter antissépticos e fragrâncias que podem reduzir o microbioma da região e provocar efeitos negativos em sua função protetora.

Quanto ao polêmico tratamento de vaporização vaginal, promovido pela atriz Gwyneth Paltrow, a médica explica que além do risco de queimaduras o efeito de secagem perturba as bactérias essenciais da região íntima.

“O vapor terá um efeito de secagem na vagina e é provável que perturbe o microbioma vaginal e reduza a barreira natural do corpo contra infecções”, alerta, acrescentando que nenhum vapor pode de fato chegar ao útero. Além disso, ela adverte que limpezas com fumaças de ervas são baseados em pseudociência e, portanto, não possuem quaisquer benefícios a nível hormonal, podendo de fato prejudicar a saúde feminina.

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Daily Mail

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