Mitos e verdades sobre os microchips sob a pele que você precisa saber

de Merelyn Cerqueira 0

Microchips nada mais são do que circuitos eletrônicos dispostos dentro de minúsculas cápsulas de vidro em formato de pílula.

Eles podem ser usados da mesma maneira que um cartão de crédito, mas sem a necessidade do contato. O procedimento de implante é bem simples, e transforma qualquer pessoa em um cartão inteligente ambulante.

Uma vez inserido, o indivíduo é capaz de desempenhar funções como transferir seus contatos para o celular de um amigo, enviar seu endereço de e-mail, abrir portas e destravar computadores, de acordo com informações da BBC.

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Dave Williams, um biohacker e engenheiro da empresa Mozilla interessado em dar um reforço tecnológico ao corpo, é uma das pessoas que já se aventurou no mundo dos microchips.

Em entrevista à BBC, ele afirmou ter uma péssima memória e, portanto, ter em si em tempo integral um dispositivo capaz de abrir portas e destravar seu computador o ajuda muito. “Também é divertido dar o meu número de telefone e endereço de e-mail a alguém simplesmente tocando em seu celular”, disse.

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Tal conveniência é o principal atrativo para os interessados em implantar um RFID no corpo. E o número de pessoas que estão dispostas a fazê-lo está crescendo, segundo a fabricante de chips Dangerous Things.

Em entrevista ao canal norte-americano CNBC, a empresa disse que só no ano passado havia vendido mais de 10 mil microchips.

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Entretanto, à medida que a tendência cresce as preocupações relacionadas à privacidade e segurança também aumentam. Por exemplo, há quem acredite que esses implantes poderiam ser usados por empresas para vigiar seus empregados.

Além disso, grupos de liberdades civis alertam que os dispositivos poderiam ser usados para invadir a privacidade das pessoas de diferentes maneiras.

A tecnologia RFID atualmente já foi aplicada em carregamentos, bagagens de aviões e produtos em lojas, bem como é usada para o rastreio de animais de estimação. Ainda, quase todo mundo carrega um microchip diariamente dentro do bolso. Isso porque a maioria dos celulares modernos possuem RFID, bem como os cartões de transporte público e passaportes eletrônicos.

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E se você está desconfortável com essa nova informação, saiba que empresas como Google, Apple e Facebook, conseguem fazer além. Isso porque diariamente recebem informações sobre nossos movimentos e comportamentos, a fim de nos direcionar produtos.

“Celulares são muito mais perigosos para a nossa privacidade”, disse Pawel Rotter, uma engenheira biomédica da Universidade de Ciência e Tecnologia AGH, na Cracóvia, Polônia, à BBC. “Se forem hackeados, os celulares podem virar o espião perfeito com microfones, câmeras e GPS. Comparado a eles, os riscos de privacidade da RFID são muito pequenos”.

Contudo, Dave Williams não está preocupado com isso. “Ter medo de uma perseguição estilo GPS é basicamente ficção científica neste momento”, disse ele acrescentando que o procedimento de implantação não é tão ruim quanto as pessoas acreditam. Ele próprio o instalou em seu corpo. “Quase não senti dor”, afirmou. “Tirar a identificação será um pouco mais difícil, mas não dá tanto trabalho com um bisturi e um par de pinças”.

Vulnerabilidades

Embora preocupações de segurança não devam ser descartadas, os modelos RFID atuais só carregam 1 kilobyte de dados, mas que não são vulneráveis à vírus, de acordo com o pesquisador de sistemas de engenharia, Mar Grasson, da Universidade de Reading, no Reino Unido.

Em um experimento realizado em 2009, Grasson implantou um RFID em sua mãe esquerda. Em seguida o modificou para que espalhasse um vírus de computador. “Foi uma experiência muito transgressora“, disse. “Eu me tornei um perigo para os sistemas dos prédios”.  

Embora seja conveniente em muitas situações, o RFID pode ser um problema quando apresenta defeitos. “A tecnologia implantável não pode ser facilmente removível ou desligada nesse caso”, explicou Gasson. “Eu sinto como se o implante fosse parte do meu corpo, então há uma sensação real de impotência quando algo não está certo”. 

Fonte: Diário de Biologia / BBC Fotos: Reprodução / Diário de Biologia

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