Médicos entram em conflito após homem inconsciente com tatuagem “não me ressuscite” dar entrada em hospital

de Merelyn Cerqueira 0

Um homem de 70 anos foi levado bêbado e inconsciente a um hospital em Miami, nos EUA.

No entanto, ao examinar o paciente os médicos encontraram no peito dele uma tatuagem escrita “não me ressuscite”, revelando o seu desejo de não passar pela manobra de RCP.

Em conflito ético, os médicos eventualmente decidiram honrar a tatuagem do homem e deixá-lo morrer, de acordo com informações do Daily Mail.

Segundo o relato do caso, feito no New England Journal of Medicine, o pulso do homem desacelerou a uma taxa preocupante. Embora os médicos tivessem tentado salvá-lo com medicamentos, não receberam respostas. 

Planejando fazer uma reanimação cardiopulmonar (RCP), os médicos entraram em conflito após encontrar a instrução no peito do paciente. Depois de consultar especialistas em ética hospitalar, eles decidiram por respeitar a tatuagem.

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O homem havia sido encontrado na rua e trazido por paramédicos até a emergência do hospital da Universidade de Miami. O nível de álcool em seu sangue era tão alto que não pode ser acordado. “Infelizmente, nós recebemos muitos pacientes assim no hospital”, disse Dr. Greg Holt, um dos médicos que trataram o homem. 

Pouco surpreso com o caso, Dr. Holt só foi atraído até a sala em que estava o paciente quando ficou sabendo da tatuagem, assinada como “Do not resuscitate”, com ênfase no “não”. 

Segundo ele, a primeira preocupação da equipe foi a questão da legalidade. Tecnicamente, tatuagens não são ordens de não ressuscitação, e na Flórida, ainda há requisitos muito específicos para este tipo de ordem.

“Tem que ser em papel amarelo, e tanto o médico quanto o paciente devem ter assinado. O manual não diz nada sobre tatuagens”, disse.

As ordens do DNR são protegidas por leis de privacidade médica e, portanto, não está clara a quantidade de pessoas que aderiram. No entanto, estima-se que cerca de 80% dos norte-americanos com doenças crônicas já reiteram seu desejo de não serem hospitalizados ou colocados em cuidados intensivos se estivessem morrendo.

Então, apreensivos com a situação, eles deram aos pacientes fluidos IV, antibióticos e “alguns medicamentos para manter a pressão arterial controlada”, segundo Holt.  “Algumas pessoas considerariam isso ressuscitação, se eu soubesse da tatuagem teria colocado ele em uma máquina de respiração”.

“Eu sempre pensei que você poderia se arrepender mais tarde [de fazer uma tatuagem], você fica bêbado, percebe o quanto era imaturo e o quanto queria não ter feito, mas o que você pode fazer?” disse.

No entanto, após consultar especialistas, ele decidiu que a inscrição poderia provavelmente representar os verdadeiros desejos do homem, uma vez que estava marcada bem na região onde é feito o RCP.

“Estava exatamente onde você teria que comprimir o peito”, disse o médico. “O cara parecia ter algum conhecimento do sistema médico”.

“E realmente difícil para os pacientes terem seus desejos de fim de vida conhecidos”, disse ele acrescentando que ele e equipe de ética tomaram a decisão correta. Isso porque, duas horas depois, encontraram a documentação de DNR oficial do homem confirmando o que a tatuagem pedia.

O paciente então piorou e eventualmente morreu. No entanto, o caso veio como um alerta aos médicos, de que embora as ordens DNR ainda estejam no papel, histórias como esta pode mudar rapidamente o que é certo e errado dentro do sistema.

“É uma preocupação tanto para os médicos quanto para os pacientes, porque você quer fazer o que é certo por alguém e, se você não sabe, faz tudo o que consegue, porque sempre escolhemos a escolha reversível, não o que você não pode retomar quando está diante da incerteza”, concluiu.

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Daily Mail

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