Médico está realizando experimentos bizarros antes do tão aguardado transplante de cabeça

de Julia Moretto 0

O neurocirurgião, Dr. Sergio Canavero, do Grupo de Neuromodulação Avançada de Turim, deseja realizar o experimento de Dr. Frankenstein: reanimar cadáveres. Eles querem testar se é possível ligar a medula espinhal de uma cabeça em outra. Os primeiros transplantes serão realizados no próximo ano.

O objetivo da cirurgia é primeiro cortar a medula espinhal e, em seguida, repará-la antes de utilizar a estimulação elétrica ou magnética para “reanimar” os nervos e até mesmo os movimentos do cadáver.

Em um artigo escrito para o Surgical Neurology Internacional, Dr. Canavero e seus colegas da Coreia do Sul e da China contaram que se inspiraram na história de Frankenstein – em que a eletricidade é usada para reanimar o monstro fictício. 

Ele apontou que experimentos realizados em 1800 usando os corpos de criminosos foram bem-sucedidos. “Um cadáver fresco pode atuar como um proxy para um sujeito vivo enquanto a janela de oportunidade é respeitada (algumas horas)”, comentou Dr. Canavero.

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Imagem: divulgação

O grupo anunciou os resultados da experiência provando ser possível reconectar a medula espinhal, depois de isso ter sido testado em um cão. O experimento mostra como o animal era capaz de andar e abanar o rabo três semanas depois de ter sido paralisado do pescoço para baixo. Segundo Dr. Canavero, a técnica conhecida como protocolo “GEMINI: Fusão de Medula Espinhal”, também funcionará em seres humanos. Isto pode então ser utilizado para ligar uma cabeça transplantada em um corpo doador, permitindo que um paciente paralisado recupere o controle do corpo.

O grupo já achou um voluntário para os primeiros testes, o russo Valery Spiridonov de 30 anos, que sofre de Atrofia Muscular Espinhal conhecida como Werdnig-Hoffmann. No entanto, as ideias foram recebidas com ceticismo por muitos cientistas, que alertam que os experimentos em animais não garantem os mesmos resultados em humanos.

Valery Spiridonov, candidato ao primeiro transplante de cabeça.
Valery Spiridonov, candidato ao primeiro transplante de cabeça. Fotos: Reprodução / Mirror

Em um artigo escrito na revista Surgical Neurology Internacional, Dr. Canavero disse que os resultados dos experimentos impressionam. “Embora, claro, estes resultados tenham necessidade de duplicação, não pode haver dúvida de que estes novos dados confirmem que uma medula espinhal, uma vez cortada, pode ser reusada com recuperação comportamental útil”, completou. Ele disse que os testes iniciais serão realizados utilizando cadáveres de morte cerebral, modificando a medula espinhal. O estímulo elétrico será usado na medula espinal ou imãs a nível do cérebro.

No vídeo acima, o Dr. Canavero mostra ser possível cortar e religar a medula em roedores e cães. 

Dr. Canavero anunciou pela primeira vez seus planos de realizar o experimento. Junto com colegas da Coreia do Sul, China e os EUA, ele montou uma cabeça anastomose para desenvolver as técnicas necessárias para realizar a operação. No início deste ano, cientistas da China afirmaram ter realizado o mesmo transplante de cabeça em um macaco. O animal ficou conectado a um aparelho que ligava o sangue da cabeça ao do corpo. Eles ligaram a medula espinhal, mas o animal foi incapaz de recuperar os movimentos.

Em um novo conjunto de artigos publicados na revista Surgical Neurology Internacional, editado pelo Dr. Canavero, os pesquisadores da Coreia do Sul e os EUA afirmam ter reconectado as medulas espinhais em camundongos e em um cão. Dr. C-Yoon Kim, um neurocirurgião da Universidade Konkuk em Seul, que tem colaborado com Dr. Canavero, cortou as medulas espinhais de 16 ratos.

Eles injetaram um produto químico chamado polietilenoglicol (PEG) no espaço entre a medula espinhal dos ratos. Após quatro semanas, cinco dos oito ratos que receberam PEG recuperaram um pouco dos movimentos, já os outros três ratos morreram. Aqueles que não receberam PEG também acabaram morrendo.

Uma versão melhorada do PEG foi dada a cinco ratos com medulas danificadas, e os pesquisadores sul-coreanos mostraram os sinais elétricos transmitidos após o tratamento. No entanto, quatro dos ratos foram mortos em uma inundação no laboratório da equipe e, por isso, eles não foram capazes de ver se os movimentos foram restaurados.

Em um experimento final, a equipe sul-coreana testou a solução de PEG em um cão depois que sua medula espinhal foi quase cortada. Segundo eles, 90 por cento do fio tinha sido cortado. Enquanto o cão foi inicialmente paralisado, três dias depois, o relatório da equipe indica que ele foi capaz de mover seus membros. Após três semanas, ele conseguia andar e abanar o rabo. 

De acordo com a New Scientist, outros cientistas têm levantado sérias preocupações sobre os resultados. “Os seres humanos não apoiam esses avanços”, disse Dr. Jerry, neurocientista da Universidade Case Western Reserve, em Ohio. Dr. Canavero disse que, primeiramente sua equipe vai realizar experiências com cadáveres, para depois realizar o transplante do russo Valery Spiridonov. Ele disse que a operação em um paciente vivo só pode ocorrer quando houver 90 por cento de chance de sobrevivência.

O primeiro humano a receber este tipo de transplante de cabeça não será Valery. Vamos realizar o primeiro procedimento no cérebro doadores mortos”, comentou o especialista.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Olhar Digital / Mirror ]

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