McDonald’s enfrenta pressão para não usar carnes de animais tratados com antibióticos

de Merelyn Cerqueira 0

A rede de restaurantes McDonald’s, bem como outras grandes cadeias de fast food, está sofrendo uma enorme pressão por parte de uma campanha online, gerida pela organização ShareAction, para que interrompam o uso de carne e leite provenientes de animais tratados com antibióticos. A organização estaria incitando as pessoas a enviarem e-mails para o presidente executivo do McDonald’s, a fim de fazê-lo se comprometer a parar de adquirir produtos de fazendas que usem esse tipo de medicamento excessivamente.

Enquanto a empresa já se comprometeu a interromper o uso de frangos tratados com antibióticos para a produção de nuggets nos EUA até o final de 2017, muitos estão dizendo que isso não é o suficiente. A ideia é que a mesma política seja estendida a todas as carnes de todos os restaurantes no mundo. Segundo informações da IFLScience, a possibilidade de uma era pós-antibiótica já está sendo considerada por especialistas.

O uso de antibióticos na pecuária para tratar infecções bacterianas em animais é uma questão importante e está sendo discutida em nível mundial. Acredita-se que o uso excessivo desses medicamentos em animais – também frequentemente usados para tratar seres humanos – estimule que as bactérias fiquem cada vez mais resistentes às drogas disponíveis.

Em novembro de 2015, um grupo de cientistas descobriu que porcos na China estavam transportando bactérias resistentes à colistina, considerada uma última linha de defesa em termos de antibióticos – só usada quando todos os outros falham.

O microrganismo também foi encontrado em hospitais dos Estados Unidos, sendo a primeira vez que bactérias resistes à colistina foram identificadas fora da China. Uma mulher da Pensilvânia teria sido diagnosticada com uma infecção urinária que apresentava resistência, caracterizando um evento preocupante relacionado à era pós-antibiótica.

Logo, o setor agrícola estaria desempenhando um papel considerável na presente situação. Estima-se que 70% de todos os antibióticos usados nos EUA sejam dados para o gado, enquanto que no Reino Unido, este número fique em torno de 50%. Tal prática foi descrita como “excessiva e inadequada”. Como o McDonald’s é responsável pela compra de milhões de cabeças de gado, porcos e galinhas por ano, é natural que a empresa tenha um grande impacto na indústria. Dessa forma, uma mudança real na condução da agricultura por parte dela seria significativa.

De acordo com Emma Rose, da associação “Alliance to Save Our Antibiotics”, o “McDonald’s tem uma oportunidade de demonstrar liderança global, comprometendo-se a eliminar inteiramente o uso rotineiro de antibióticos – não apenas nos frangos das redes dos EUA -, e isso elevaria os padrões de toda a indústria”.

[ IFLS ] [ Foto: Reprodução / Wikipédia ]

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