Luas poderiam ter suas próprias luas, sugerem pesquisadores

de Merelyn Cerqueira 0

São muitos os planetas orbitados por uma ou mais luas. Mas, e se esses corpos celestes, feitos de rochas e gelo, fossem também circundados por objetos menores e semelhantes. E se isso de fato existisse, como eles seriam chamados?

Essas perguntas foram feitas pela revista New Scientist aos astrônomos Juna Kollmeier, da Carnegie Institution, de Washington (EUA), e Sean Raymond, da Universidade de Bordeaux, na França.

Segundo eles, é possível que existam luas orbitando luas – e eles até têm algumas ideias quanto ao nome que seria dado a esses corpos, como “lua-lua”, por exemplo.

Em uma análise publicada no banco de dados de pré-impressão arXiv, Kollmeier e Raymond calcularam as condições ideais que permitiria a existência de uma sub-lua na Lua terrestre, sem que ela fosse jogada para fora de seu curso ou cortada em pedaços pela ação da atração gravitacional (também conhecida como força das marés).

Após algumas suposições sobre as densidades das luas com base no que já sabemos sobre o que existe em nosso Sistema Solar, os pesquisadores concluíram que apenas grandes luas, aquelas com um raio de 1.000 km ou maiores, e com órbitas amplas poderiam acomodar sub-luas, cujo tamanho proporcional seria de 10 km ou mais.

Segundo eles, o fluxo de energia das marés desestabiliza as órbitas de sub-luas em torno de luas que são pequenas ou muito próximas do seu planeta hospedeiro, o que é o caso da maioria das luas em nosso Sistema Solar.

Sendo assim, eles consideram que apenas as luas de Saturno, chamadas Titã e Jápeto, a lua de Júpiter, chamada Callisto, e a Lua da Terra seriam boas candidatas.

Os pesquisadores acrescentaram que a recém-descoberta lua de Kepler-1625b também poderia hospedar uma sub-lua, embora ainda não saibam o suficiente sobre o objeto para afirmar com certeza.

No entanto, mesmo que teoricamente seja possível que uma sub-lua sobreviva às forças concorrentes de uma lua e de um planeta, a probabilidade de uma se formar em um ambiente com a configuração correta é bastante baixa.

Segundo Raymond, algo teria que empurrar uma rocha em órbita na velocidade certa para que essa entrasse em órbita em torno de uma lua, e não um planeta ou estrela.

É possível também que essa sub-lua acabe se perdendo ou seja destruída caso a lua em questão migrasse durante a sua evolução – algo como o que aconteceu com a lua da Terra.

Embora mais estudos ainda sejam necessários para investigar as condições ideais para a criação de uma sub-lua, a internet já entrou em ‘frenesi’ com a possibilidade.

Após a disponibilização do artigo, muitos usuários começaram a dar nome a esses possíveis corpos, como lua-lua (moonmoon), por exemplo, que ganhou força dentro da comunidade astronômica.

Outras sugestões incluem “mini lua”, “lua de segunda ordem”, “lua aninhada”, “meta-lua”, “lua ao quadrado”, “moony”, “McCara de lua”, “moonitos”, “moonettes” e “moooons”. A decisão, no entanto, se for verificada necessária, será feita pela União Astronômica Internacional.

Fonte: New Scientist / IFL Science  Fotos: Reprodução / IFL Science

Jornal Ciência