Leite materno poderá ser substituído por fórmula com bactérias humanas!

de Julia Moretto 0

Há um debate interminável para saber se o leite de peito é realmente melhor do que o leite em pó.

De acordo com os especialistas, o leite materno é mais eficiente quando se trata em impulsionar o sistema imunológico do bebê, o protegendo contra obesidade e eczema. Mas, uma nova pesquisa mostra que os açúcares naturalmente encontrados no leite materno, que alimentam as boas bactérias no intestino de uma criança, também podem ser criadas através de uma fórmula.

Quando os cientistas alimentaram os bebês com essa nova fórmula, eles apresentaram uma resposta imune semelhante à de bebês amamentados normalmente. Eles também mostraram ser menos propensos a desenvolver eczema, sugerindo que a fórmula pode ajudá-los a evitar as doenças da mesma forma. O estudo, realizado pela empresa Abbott, publicou sua pesquisa no Journal of Human Nutrition.

Das 500 calorias que uma mulher queima todos os dias ao alimentar a criança com o leite materno, cerca de 10 por cento são usados ​​para criar oligossacarídeos do leite humano ou MGOs. Embora os bebês não consigam digerir essa substância, elas são vitais para evitar infecções como E. coli. Esse tipo de infecção é muito mais comum em crianças do que nos adultos.

Bactérias boas encontradas no intestino dos bebês se alimentam das MGOs produzidas por mulheres – em quantidades menores do que o leite de vaca. Essa linha de defesa é importante porque 70 por cento do sistema imunológico de uma criança está contido em seu intestino. 

É bom que a indústria de leite tenha a fórmula para replicar mais de perto a composição do leite materno. Nós temos uma obrigação moral de melhorar a fórmula de leite para crianças, principalmente para as mães que não podem amamentar”, comentou o pesquisador Dr. Nicholas Andreas, do Imperial College London. “[…] dizer que a fórmula do leite agora é tão boa para o sistema imunológico de recém-nascidos quanto o leite materno é um passo enorme. Isso porque há centenas de fatores bioativos presentes no leite materno, como anticorpos, peptídeos antimicrobianos e outros, que proporcionam várias funções imunes e eram completamente ausentes na fórmula” completa.

O leite materno evoluiu ao longo de milhares de anos para conter os nutrientes que os bebês necessitam. O NHS aconselha as mulheres a amamentar até os primeiros seis meses de vida do bebê. 

O leite em pó não está incluso nos planos de saúde, por esse motivo, acredita-se que as enfermarias usem o leite materno para tratar diversas doenças, desde infecções do ouvido até vírus pulmonar em crianças. Porém os cientistas foram capazes de criar uma versão estruturalmente idêntica ao HMO, o 2′-fucosyllactose (2′-FL).

Eles observaram a resposta imune de 200 bebês amamentados – alimentados com o leite ou com a nova fórmula. Após seis semanas, os resultados mostraram que os bebês amamentados tinham diferentes níveis de citocinas – que regulam a resposta imune e são encontradas no sangue. No entanto, os níveis destes mesmos marcadores eram praticamente idênticos entre o grupo amamentado e o grupo alimentado com a fórmula artificial.

O primeiro ano de vida é uma janela importante para o desenvolvimento do sistema imunológico. Estes dados são convincentes para os médicos e pais porque fomos capazes de mostrar que a fórmula com HMO 2′-FL reduziu a diferença entre o leite materno e fórmula de formas nunca vistas antes”, explicou o autor do estudo Edward Barrett, diretor de pesquisa translacional, no Lovelace Biomedical. O leite produzido pela Abbott está disponível apenas nos EUA. 

[ Fonte: Daily Mail ]

[ Fotos: Reprodução / Stilnos ]

Jornal Ciência