Japoneses são flagrados com baleia morta em águas protegidas

de Gustavo Teixera 0

Um navio baleeiro japonês foi flagrado com uma baleia-anã – ou baleia-de-minke – morta a bordo, enquanto navegava por águas australianas protegidas, de acordo com o grupo Sea Shepherd.

O grupo diz ter capturado imagens da carcaça de baleia enquanto seu helicóptero voava sobre o navio japonês, Nisshin Maru, no santuário de baleias na Antártida da Austrália. É o primeiro assassinato documentado desde que a Corte Internacional de Justiça julgou a caça a baleia na Antártida do Japão ilegal em 2014.

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O Nisshin Maru foi avistado pelo helicóptero em uma posição de 64 57.6S – 085 09.6E, dentro do Santuário Australiano de Baleias“, relatou a Sea Shepherd. Uma vez que o helicóptero do Sea Shepherd capturou imagens da baleia-anã, um dos navios do grupo, Steve Irwin, interceptou os baleeiros japoneses e os viu tentar esconder as evidências.

De acordo com o grupo, os baleeiros primeiro cobriram a carcaça com uma lona, depois cobriram seus arpões para que não pudessem mais ser fotografados. “Os assassinos de baleias do Nisshin Maru foram registrados em flagrante caçando baleias no santuário australiano de baleias“, disse Adam Meyerson, capitão do Sea Shepherd Ocean Warrior.

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Steve Irwin encerrou suas operações ilegais e os pegou tentando esconder as evidências“, completou Meyerson. Como as espécies mais abundantes de baleias no mundo, as baleias-anãs são encontradas em todo o Atlântico Norte e Oceano Pacífico no Hemisfério Norte, e ao largo da costa da Austrália, América do Sul e África do Sul no Hemisfério Sul, bem como no Oceano Antártico.

A espécie é classificada como de “menor preocupação” pela União Internacional de Conservação Nacional (UICN), mas isso não significa que os baleeiros possam simplesmente caçá-las à vontade. Em resposta à caça de várias espécies de baleias, uma moratória começou em 1986 para conter o declínio populacional massivo, particularmente da baleia-azul e baleia-jubarte, mas cumprir esses termos não é fácil.

A Comissão Baleeira Internacional permitiu que as “nações que se opõem” criassem suas próprias cotas anuais de caça, desde que elas o façam para fins de pesquisa. O que também foi muito difícil de regulamentar. Desde então, países como Noruega e Islândia têm se aproveitado dessas cotas anuais, e o Japão estabeleceu uma cota anual de 333 baleias-anãs por ano.

Segundo Daniel Flitton, do jornal australiano The Sydney Morning Herald, o Japão enviou para casa 333 baleias-anãs mortas, incluindo cerca de 200 grávidas, nos últimos 12 meses, com o disfarce de serem para pesquisas científicas. “A tripulação japonesa encobrir seus arpões e a baleia morta no convés mostram apenas que eles sabem que o que estão fazendo é errado”, disse a capitã do Steve Irwin, Wyanda Lublink, em um comunicado.

Eles sabem que estão desprezando a decisão da Corte Internacional de Justiça e do Tribunal Federal Australiano”, completou. Para piorar as coisas, não há nada de humano sobre como essas baleias são mortas. “Elas são atingidas com um arpão explosivo diretamente em seu corpo, os ganchos se abrem, e estilhaços são lançados através de seu corpo“, Jeff Hansen da Sea Shepherd disse jornal ABC News.

É uma morte terrível e sangrenta. Essas baleias podem levar até 30 ou 40 minutos para morrer“, completou Hansen. A equipe do Sea Shepherd acompanhou o navio japonês por cinco semanas e está comprometida a manter o controle sobre eles nos próximos meses. A questão é se os baleeiros japoneses serão processados, mas cabe ao governo australiano prosseguir com essas alegações.

Segundo relatos publicados no jornal britânico The Guardian, a Austrália multou os baleeiros japoneses em 1 milhão de dólares em 2015 por situações anteriores em águas australianas, mas a multa foi absolutamente ignorada. Existe uma controvérsia sobre as reivindicações da Austrália sobre essas águas, algo que o governo japonês contestou no passado. Estando em águas australianas ou não, não há como contornar a proibição de 2014 sobre a caça de baleias na Antártida.

Até que funcionários da Austrália – da Comissão Baleeira Internacional ou da Corte Internacional de Justiça – descubram o que querem fazer com a caça ilegal, é melhor manter instituições de conservação e preservação da espécie. Pelo menos essa morte não passou despercebida.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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