Japão está construindo muralha subterrânea de gelo para descontaminar Fukushima

de Merelyn Cerqueira 0

Desde o colapso nuclear que ocorreu na usina de Fukushima, em Daiichi, em 2011, após um terremoto assolar a região, o Japão anunciou suas intenções de recuperar a área.

Para isso, a companhia de energia elétrica TEPCO (Tokyo Electric Power Company), revelou em 2014, um projeto para a construção de uma muralha de gelo que tinha a intenção de evitar a entrada de águas subterrâneas nos edifícios do reator danificado. À época, estimava-se que, todos os dias, cerca de 400 toneladas de água fluíam para dentro do reator danificado, de acordo com informações do IEEE Spectrum.

Desde o anúncio, a TEPCO vem tentando capturar essa água contaminada para armazená-la com segurança e tratá-la para remover os materiais radioativos. O muro, atualmente, possui cerca de 30 metros de profundidade e 1,5 km de comprimento. O projeto pode até soar fantasioso, mas ele logo se tornará realidade.

Estima-se que o custo da construção seja de 35 bilhões de ienes, e caso seja bem-sucedido, o solo congelado atuará como uma espécie de dique para impedir a entrada de águas subterrâneas no prédio do reator – uma vez que seus prédios são vulneráveis à infiltração – bem como ajudará a impedir o vazamento de material radioativo para o oceano.

Por outro lado, a ideia já foi bastante criticada, uma vez que foi considerada excessivamente complexa, cara e incerta. Em agosto deste ano, novas reclamações surgiram quando a empresa responsável informou que uma seção ativa há mais de quatro meses ainda não tinha congelado completamente. Ainda, alguns vazamentos foram verificados em tanques de armazenamento e também houve uma certa demora para os sistemas de tratamento começarem a funcionar corretamente. Além disso, como é alimentado por eletricidade, o sistema do muro pode ficar vulnerável a novos desastres nucleares.

Considera-se que interromper a contaminação das águas subterrâneas é um passo importante no processo de 40 anos de descomissionamento de Fukushima e neste momento, o que a TEPCO está construindo são tanques para armazenar a água que não para de se acumular. Uma vez que esta for mantida para fora dos edifícios do reator, a empresa poderá se concentrar na água radioativa em vazamento.

Em um vídeo publicado no YouTube, a empresa explicou que a tecnologia da parede é semelhante à utilizada em pistas de patinação no gelo. Tubos de refrigeração são inseridos no solo para congelar todo o caminho até o rochedo. A parede de gelo então, redireciona as águas subterrâneas ao redor dos edifícios dos reatores danificados, descontaminando e deixando-as fluir inofensivamente em direção ao mar.

[ Spectrum ] [ Foto: Reprodução / Spectrum ]

Jornal Ciência