Ichthys: veja como funcionava um dos símbolos mais antigos do cristianismo durante as perseguições

de Merelyn Cerqueira 0

Podemos dizer sem medo de errar que os primeiros cristãos não tiveram uma vida fácil.

Desde o Império Romano até a promulgação do Edito de Milão, em 13 de julho de 313, pelo imperador Constantino, eles foram perseguidos. E a razão para tal perseguição foi a rejeição destes a um culto em que o imperador era a divindade.

Assim, por medo de morrer, os cristãos se esconderam e viveram com medo por quase três séculos. A única maneira que tinha de se reconhecerem era através de símbolos, de modo que surgiu o Ichthys.

O símbolo, que tinha a forma de um peixe, era usado de maneira secreta pelos seguidores de Jesus durante a época das perseguições.

Embora atualmente o Cristianismo seja repleto de símbolos, como a cruz, o cordeiro, a vinha, o bom pastor, Virgem Maria e etc., o Ichthys foi um dos mais importantes.

Sua forma, segundo as teorias mais difundidas pelos estudiosos, está relacionada a ideia de Pedro como um “pescador de homens”, tendo Jesus como um guia para a verdade. No entanto, o peixe não era apenas um símbolo da arte paleocristã, mas sim um “sinal e senha” dos primeiros iniciados da religião.

Na Roma Antiga, os catecúmenos (pessoas instruídas na fé cristã para receber o batismo) foram divididos em dois grupos: audientes (ouvintes) e electi (eleitos). Entre os primeiros cristãos que tinham contato com a fé, costumavam haver espiões pagos. Isso porque, ouvintes ou eleitos que já estavam basicamente dentro da religião ainda não podiam participar dos ritos reservados aos iniciados.

Os iniciados, por sua vez, reconheciam uns aos outros através de símbolos. Foi então que os Ichthys apareceram pela primeira vez.

Ichthys, que do grego significa peixe (ΙΧΘΥΣ ijcís “peixe“), na verdade, é um acrônimo para “Iesoûs Christós Theou uios Soter“, que é traduzido para: “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”.

Os primeiros cristãos tinham várias maneiras de reconhecer o símbolo. Por exemplo, quando suspeitavam que uma pessoa era cristã e queriam ter certeza sem expô-la, desenhavam um semicírculo no chão ou na areia. Para os não iniciados, o desenho era simplesmente um risco. No entanto, se o outro fosse cristão, completaria o desenho.

Outra forma secreta de usar o símbolo era em apertos de mão. Basicamente, quando suspeitavam de cristãos, desenhavam o semicírculo na palma ao cumprimentá-lo. Se o outro fechasse o desenho com a parte que faltava, era considerado um crente. Em caso de não ser, o gesto era disfarçado como um mero acidente.

Ainda de acordo com a tradição, os primeiros cristãos, enquanto perseguidos pelo Império Romano, usavam Ichthys para marcar os lugares onde se encontravam ou os túmulos dos mortos, para que outros fiéis pudessem saber que naquela sepultura estava enterrado um de seus iguais.

Fonte: Super Curioso Fotos: Reprodução / Super Curioso

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