Havaí está em alerta após surto de parasita invasor de cérebros humanos

de Julia Moretto 0

Um aumento acentuado nas infecções decorrentes de um verme parasita que invade o cérebro humano tem deixado os funcionários de saúde na ilha havaiana de Maui preocupados.

Até agora, seis casos foram confirmados em Maui nos últimos três meses, com mais episódios sendo investigados. A ilha só tinha experimentado dois casos documentados na década anterior a este surto. 

A doença causada pelo Angiostrongylus cantonensis é um tipo de meningite, e a forma adulta do parasita é encontrada apenas em ratos.

havai-em-alerta

A infecção é propagada quando os ratos que transportam o parasita excretam as larvas do verme nas fezes.

A partir disso, elas podem ser ingeridas por outros animais, como caracóis, lesmas, camarão de água doce, caranguejos e sapos.

Se as pessoas manipulam ou consomem qualquer um desses animais infectados – ou entram em contato com eles em fontes de alimentos contaminados, como frutas e vegetais crus – também podem se infectar.

Para muitos, não há sintomas, e a maioria das pessoas se recupera da infecção por conta própria. Mas em alguns casos, o verme se move para o cérebro e sistema nervoso, resultando em uma forma parasitária de meningite que pode causar fortes dores de cabeça, tremores, dormência e febre – que pode ser fatal. 

“Os parasitas estão no revestimento do meu cérebro, movendo-se”, disse Tricia Mynar, residente que acredita ter contraído a infecção.

Mynar observou os sintomas no final de fevereiro. Ela agora usa um andador para se locomover, mas tem dificuldades devido à gravidade de seus tremores. Segundo ela, o grau de dor causada pelo parasita varia e afeta diferentes partes do corpo de maneiras diferentes – mas quando é extremo e focado, pode ser quase insuportável.

De acordo com autoridades, o parasita foi identificado em caramujos e lesmas em Maui, Oahu, Kauai e na Big Island. Os representantes da saúde estão alertando as pessoas para que lavem adequadamente seus alimentos para minimizarem o risco de infecção.

“Espero que as pessoas realmente entendam que está em suas mãos para prevenir a infecção lavando adequadamente todos os produtos independentemente de onde os compram”, disse a diretora executiva da Hana Heath, Cheryl Vasconcellos. “Todo mundo precisa estar vigilante sobre isso e tomar medidas de precaução”.

As ilhas havaianas, em geral, registram cerca de 10 casos por ano, de acordo com a epidemiologista Sarah Park. Sobre as dores, Sarah explica: “Se você pudesse imaginar, é como uma bala de movimento lento passar por seu cérebro e não há razão pela qual ela vá sair nessa parte do cérebro”.

Em relação ao que causou um pico em Maui recentemente, ninguém tem certeza absoluta, mas há preocupações de que o parasita esteja sendo propagado pelo aumento do número de uma lesma invasiva na região, sendo que até 80% das espécies transportam a lombriga. 

Por trás disso, é possível que a crescente globalização e o transporte marítimo sejam os culpados pela distribuição do parasita, que foi identificado pela primeira vez em Taiwan em 1944, mas se espalhou muito nas últimas décadas.

[É] uma infecção de vermes introduzida na América do Norte através da globalização”, disse o virologista Peter Hotez, do Baylor College of Medicine, em Houston.

“Alguns sugerem que é devido a caracóis ou lesmas nos balastros de navio – navios provenientes da Ásia e passando pelo Canal do Panamá”.

Mas as mudanças climáticas também poderiam estar ajudando o parasita a sobreviver em novos ecossistemas. 

Um estudo de 2015 identificou sua presença em Oklahoma, “uma área predita como inadequada para o parasita”.

Isso mostra que fatores causados ​​pelo homem – como viagens globais, invasão humana no habitat da vida selvagem e mudança climática – poderiam influenciar na distribuição e no aparecimento da doença.

Fonte: Science Alert / CDC Foto: Reprodução / Science Alert

Jornal Ciência