Gêmeas enfrentarão espera angustiante de 2 anos até médicos decidirem se podem separar suas cabeças

de Merelyn Cerqueira 0

Rabia e Rukia, de Bangladesh, nasceram em julho deste ano. Exames iniciais durante a gravidez não revelaram que elas estavam unidas pela cabeça, mas após o nascimento por cesariana, elas passaram duas semanas sob tratamento intensivo.

Agora, os médicos esperam descobrir se elas têm reservas de sangue separadas no cérebro antes de darem início à operação, de acordo com informações do jornal inglês Daily Mail.

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Até o nascimento, os pais, Taslima Khatun Uno, 28 anos, e Mohammed Rafiqul Islam, 27, não sabiam que as gêmeas estavam unidas. A mãe teria desfrutado de uma gravidez normal até cerca de um mês antes de dar à luz, quando foi encaminhada a uma clínica no norte de Bangladesh para realizar uma cesariana. Foi somente durante o parto que ela suspeitou que havia algo errado.

De repente o médico gritou: dois bebês! Mediquem eles, temos que salvar suas vidas”, contou a mãe. “Foi quando eu comecei a preocupar que eu tinha dado à luz dois bebês unidos”. Durante toda a noite eu as ouvi chorando. Vi as gêmeas pela primeira vez na manhã seguinte, quando estava recuperada. A única coisa que eu tinha em mente era: como vou segurá-las? Como vou alimentá-las? Como vou cuidar delas?”, contou.

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Quando realizaram uma ultrassonografia, havia preocupações de que a cabeça dos bebês fossem grandes demais, os médicos chegaram a sugerir que fosse resultado de água no cérebro. Assim, elas foram medicadas com drogas para reduzir o tamanho. Os bebês também foram submetidos a exames e trataram icterícia.

Segundo o professor Rohu Rahim, um cirurgião pediátrico de Universidade Médica Banghabandhu Sheik Murjib, que está atendendo a família, ainda há esperança, porque as cabeças dos bebês estão unidas lado a lado. “Em outras crianças, podemos ver que cabeças unidas pela frente e por trás criam problemas de movimento. Como no caso delas estão unidas de lado, os movimentos físicos, como flexão do pescoço, ficam mais fáceis”, disse.

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Rabia e Rukia serão submetidas a um exame de ressonância magnética de 45-60 minutos de duração, para que os médicos possam confirmar se o sangue que circula nos dois cérebros é separado ou compartilhado. A equipe, no entanto, de acordo com Rahim, terá de esperar até os dois anos antes de tomar uma decisão sobre o procedimento.

Esta não é como qualquer outra cirurgia. É uma operação difícil e complicada e vai ser necessário um grande esforço da equipe”, disse ele. Até que seja tomada uma decisão, os pais enfrentarão uma espera angustiante, já que o destino da família está nas mãos dos cirurgiões. Talisma e Mohammed, ambos professores, estão preocupados com o fato de que talvez não sejam capazes de arcar com os custos da cirurgia, e por isso, já estão pedindo ajuda do governo para fazê-lo.

Segundo informações da University of Maryland Medical Center, a separação cirúrgica de gêmeos siameses é um procedimento delicado e arriscado, por isso exige extrema precisão e cuidado. As taxas de mortalidade variam, dependendo do tipo de ligação e órgãos partilhados. Embora os números de sucesso tenham melhorado ao longo dos anos, a separação cirúrgica ainda é considerada um evento raro. Desde 1950, em 75% dos casos, pelo menos um gêmeo sobreviveu ao processo de separação.

Somente após os médicos avaliarem detalhadamente o caso, a fim de determinarem viabilidade da separação e verificar como cada órgão irá funcionar separado, é que a cirurgia deve ser feita. Ainda, após o procedimento, a maioria dos bebês precisa de reabilitação intensiva devido às malformações causadas pela condição.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ]

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