Físico explica por que o Grande Colisor de Hádrons prova a não existência de fantasmas

de Gustavo Teixera 0

Pesquisas recentes descobriram que 42% dos norte-americanos e 52% dos britânicos acreditam em fantasmas. Isso é uma porcentagem enorme quando você considera que ninguém chegou à prova irrefutável de que eles existam.

 

Mas parecemos ter a prova de que eles não existem, porque como o físico teórico britânico Brian Cox apontou recentemente, não há espaço no Modelo Padrão de Física para uma substância ou meio que possa carregar nossa informação após a morte não detectado no Grande Colisor de Hádrons, o maior acelerador de partículas e o de maior energia do mundo.

 

Se quisermos algum tipo de padrão que carregue informações sobre nossas células vivas para persistir, precisamos especificar exatamente qual meio carrega esse padrão e como ele interage com as partículas de matéria a partir das quais os nossos corpos são feitos“, disse Cox, da Universidade de Manchester.

 

Em outras palavras, devemos inventar uma extensão do Modelo Padrão de Física de Partículas que escapou à detecção no Grande Colisor de Hádrons, o que é quase inconcebível nas escalas de energia típicas das interações das partículas em nossos corpos”, completou.

 

O astrofísico Neil deGrasse Tyson, que também estava no programa, respondeu: “Se eu entendo o que você acabou de declarar, você apenas afirmou que o CERN, o Centro Europeu de Pesquisa Nuclear, refutou a existência de fantasmas“. É óbvio que o Modelo Padrão de Física é uma teoria incompleta, com vários buracos abertos que os físicos tentam remendar há décadas, mas Cox diz que a existência de fantasmas não se enquadra nas “desconhecidas conhecidas” do Modelo.

 

Em vez disso, ele diz que contradiz diretamente uma das leis mais rigorosamente testadas e fundamentais do Universo que temos – a Segunda Lei da Termodinâmica. Ela afirma que a entropia total de um sistema isolado sempre aumenta ao longo do tempo. A entropia é uma medida da aleatoriedade ou desordem dentro de um sistema fechado ou isolado, e a Lei afirma que, à medida que a energia utilizável é perdida, o caos aumenta – e sem energia extra sendo colocada em um sistema, essa progressão para a desordem nunca pode ser invertida.

 

Em outras palavras, a energia é sempre perdida para o calor em qualquer sistema – seja em uma máquina de lavar roupa ou no Universo – e você nunca consegue de volta toda a energia que você colocou. O princípio pode ser usado para explicar por que a seta do tempo só anda em frente, e por que há um passado, um futuro e um presente.

 

Como isso se aplica aos fantasmas?

Como não podemos tocar e interagir com eles, os fantasmas não podem ser feitos de matéria, mas sim de energia. E se a energia for necessariamente perdida dentro de cada sistema – particularmente se estiver exigindo mais dela, como mover-se, emitir luz, ou fazer sons assustadores – seria impossível para eles manter sua existência por qualquer período significativo de tempo.

 

Outro fator é o Grande Colisor de Hádrons, porque enquanto há coisas sobre o Universo que ainda não podemos encontrar usando este acelerador de partículas gigante, o que podemos ver muito bem é a forma como a energia impulsiona a informação das nossas células. Ao assumir que a energia que sustenta os fantasmas não é uma substância ou meio novo, mas anteriormente presente no ser vivo, esta misteriosa força controlando as partículas que compõem as células teria sido detectada pelo Grande Colisor de Hádrons.

 

Eu diria que se há algum tipo de substância dirigindo nossos corpos, fazendo meus braços e pernas se moverem, ela deve interagir com as partículas de que nossos corpos são feitos“, disse Cox. E visto que fizemos medições de alta precisão das formas como as partículas interagem, então minha afirmação é que não pode haver uma fonte de energia que esteja direcionando nossos corpos“, completou.

 

DeGrasse Tyson acrescenta a isso dizendo que ele, como muitas pessoas, já experimentou “experiências assustadoras” no passado, mas ainda não encontrou um fenômeno que desafiasse seu conhecimento de Física, Matemática e Astrofísica. Mas isso não significa que ele não tenha um lado que quer acreditar.”Naquele momento, há um mistério, e é divertido“, disse ele.

 

E isso me permite entender, e até mesmo abraçar, o desejo de que as pessoas tenham que querer que haja esse profundo mistério, como fantasmas de antepassados. Eu tenho um ponto fraco pelo que é esse estado psicológico, porque eu o senti intermitentemente, exceto que eu continuei explorando e conseguindo respostas“, finalizou.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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