Finalmente chega ao fim o mistério que envolvia o famoso “Abominável Homem das Neves”

de Merelyn Cerqueira 0

Você certamente já ouviu falar no Abominável Homem das Neves, também referido como “Yeti” em diversos países.

Trata-se de uma elusiva e suposta criatura bípede, que mora nas montanhas da Ásia e às vezes deixa trilhas de neve durante suas caminhadas. Dito morar abaixo da linha de neve do Himalaia, dezenas de expedições feitas em regiões remotas da Rússia, China e Nepal, nunca conseguiram comprovar sua existência.

Embora a descrição da criatura varie entre seus observadores, as características mais comuns incluem um corpo musculoso, coberto por pelos acinzentados ou castanhos, com cerca de 90 a 180 quilos e tem média de 1,80 metro de altura, sendo relativamente mais baixo do que o Pé Grande, da América do Norte.

A história do Yeti

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O Yeti é um personagem de lendas antigas e faz parte do folclore do povo do Himalaia. Na maioria das histórias, é descrito como uma criatura perigosa, que serve como um aviso para que os moradores locais permaneçam seguros em suas comunidades.

Embora a história do Yeti venha desde o período ‘antes de Cristo, com um dos primeiros encontros associado a Alexandre o Grande, mais modernamente, já no século XX, quando os ocidentais começaram a viajar para o Himalaia, o mito tornou-se cada vez mais conhecido, de acordo com a BBC.

Em 1921, um jornalista chamado Henry Newman entrevistou um grupo de exploradores britânicos que havia acabado de voltar de uma expedição no Monte Everest. Eles disseram à Newman que haviam descoberto algumas pegadas muito grandes na montanha, e que seus guias as atribuíram à “metoh-kangmi”, algo que pode ser traduzido como homem das neves ou homem-urso. Newman acrescentou o termo “abominável” ao nome, para que a história soasse ainda melhor e mais ameaçadora, e assim surgiu a lenda.

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Anos se passaram e cada vez mais relatos foram adicionados à lenda, incluindo imagens de supostas aparições do monstro. No entanto, assim como o caso do Pé Grande e o Monstro do Lago Ness, até hoje não existem evidências claras que comprovem a existência de um Yeti, embora algumas de fato tenham sido apresentadas – mesmo sendo questionáveis.

Em 2011, até mesmo o governo russo começou a demonstrar interesse pela “criatura”, organizando uma conferência com especialistas do Pé Grande, no oeste da Sibéria.

À época, o pesquisador e biólogo John Bindernagel, afirmou que o Yeti não só existia, como também estava criando ninhos e abrigos em troncos de árvores.

A história obviamente fez manchetes em todo o mundo, uma vez que emitiram uma declaração informando que tinham “provas indiscutíveis” do Yeti, e estavam com 95% de certeza de que ele existia com base em alguns pelos grisalhos encontrados em uma caverna. 

Mais tarde, no entanto, a evidência foi desmascarada por Jeff Meldrum, um professor de anatomia e antropologia da Universidade de Idaho, nos EUA. Segundo ele, a expedição russa era mais um golpe publicitário para aumentar o turismo na região do que esforço científico sério.

Amostras de DNA

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Em 2013, um geneticista de Oxford, Bryan Sykes, fez um apelo ao mundo pedindo qualquer pedaço de cabelo, dente ou pele associado ao Yeti. Ele recebeu cerca de 57 amostras de DNA, das quais 36 foram testadas e comparadas com o genoma de outros animais. A maioria delas eram amostras de vacas, cavalos e ursos.

No entanto, o pesquisador descobriu que uma amostra vinda do Butão e outra da Índia tinham uma correspondência de 100% para a mandíbula de um urso polar do período Pleistoceno, que viveu entre 40.000 e 120.000 anos atrás.

Sykes pensou então que a amostra provavelmente era de um híbrido de urso polar e urso marrom. As amostras foram avaliadas por outros cientistas, que confirmaram a associação a uma subespécie de urso marrom raríssimo.   

Em 2017, outra equipe de pesquisadores analisou nove amostras de potenciais “Yetis”, incluindo ossos, dentes, pele e material fecal de diferentes locais do Himalaia e no platô tibetano. Eles também coletaram amostras de ursos que vivem na região e de animais em outros lugares do mundo. Das nove amostras analisadas, oito eram de ursos negros asiáticos, ursos marrons do Himalaia ou ursos marrons tibetanos. Já o nono foi associado a um cachorro.

Quem acredita não desiste

Embora tenha havido décadas de pesquisa, a falta de evidências não desanima os verdadeiros crentes. Para eles, o fato de que o Yeti, Pé Grande e Monstro do Lago Ness não tenham sido encontrados, não é uma evidência direta de que não existam, mas sim que são raros e extremamente reclusos. Por esse motivo, essas elusivas criaturas, reais ou não, sempre farão parte de nosso folclore.

O que existe de científico em tudo isso, é que o ser humano busca de alguma forma entrar em contato com o “impossível e irreal”, gerando uma série de fantasias em busca de estimular o lúdico.

Fonte: Live Science Fotos: Reprodução / Live Science

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