Exame de sangue consegue detectar ressurgimento de câncer com 1 ano de antecedência

de Redação Jornal Ciência 0

Médicos britânicos conseguiram encontrar o retorno de um câncer um ano antes mesmo de exames tradicionais. A descoberta foi possível graças o rastreamento de sinais de câncer no sangue do paciente.

A descoberta pode ajudar na criação de novos remédios contra a doença, além de salvar milhares de vidas. 

A pesquisa analisou o câncer de pulmão, porém o processo é tão simples que pode ser aplicado a outros tipos de câncer.

Exame de sangue

Para saber se um câncer está voltando, os especialistas precisam primeiramente saber o que deve ser rastreado.

Dessa forma, partiram de amostras de tumores de pulmões tirados nas cirurgias. Uma equipe no Instituto Francis Crick, em Londres, estudou o DNA defeituoso dos tumores para encontrar um “mapa genético” do câncer de cada paciente.

De três em três meses eram feitos exames de sangue para analisar se pequenos vestígios do DNA do câncer teriam voltado.

O resultado, publicado na revista científica Nature, mostrou que o câncer pode ser visto cerca de um ano antes do prazo de métodos utilizados por especialistas atualmente. Em exames convencionais, os médicos encontram tumores com volume de 0,3 milímetros cúbicos.

“Isso representa uma nova esperança para combater o retorno do câncer de pulmão após a cirurgia, algo que acontece em cerca de metade dos pacientes”, disse Cristopher Abbosh, do Instituto de Câncer UCL. 

A descoberta ajudou a alertar a volta do câncer de 13 dos 14 pacientes que mostraram reincidência da doença. Além disso, a novidade pode identificar as pessoas que não apresentavam indícios do problema.

Uma das pacientes testadas é Janet Maitland, de 65 anos. Ela perdeu o marido com a doença e no ano passado foi diagnosticada com a ela. Janet retirou o tumor e agora os especialistas acreditam que ela tenha 75% de chance de ficar livre do câncer pelos próximos cinco anos.

Evolução

O exame de sangue é considerado a segunda grande descoberta feita pelos cientistas na pesquisa. A primeira descoberta foi sobre o papel da instabilidade do DNA na reincidência do câncer. Inúmeras amostras de 100 pacientes possuindo 4,5 trilhões de pares de bases de DNA foram estudadas.

O DNA é “empacotado” em grupos de cromossomos que possuem milhares de instruções genéticas. De acordo com a pesquisa do Instituto Francis Crick, os tumores que mostravam o maior “caos cromossômico” tinham mais chances de voltar.

“Você tem um sistema em que uma célula cancerígena pode alterar seu comportamento rapidamente, ganhando ou perdendo cromossomos ou partes de cromossomos”, explicou Charles Swanton, um dos pesquisadores, em entrevista à BBC. 

Isso faz com que o tumor crie resistência a remédios, além de conseguir se esconder do sistema imunológico e se deslocar para novos tecidos.

Futuro

O primeiro passo será o desenvolvimento de remédios.“Espero que sejamos capazes de desenvolver novas formas de limitar isso e que possamos reduzir a capacidade de evolução de tumores — e quem sabe até fazer com que eles parem de se adaptar”, disse Swanton.

Segundo os especialistas, eles só estão começando a entender as descobertas que serão possíveis por meio da análise do DNA de cânceres.

Fonte: R7 Fotos: Reprodução / R7

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