Estudo de 8 anos revela que homens homossexuais soropositivos com carga viral baixa não podem transmitir HIV

de Merelyn Cerqueira 0

Um estudo de oito anos, liderado por uma equipe de pesquisadores britânicos e dinamarqueses, descobriu que a transmissão do HIV entre homens homossexuais não pode ocorrer quando a carga viral do parceiro soropositivo é considerada indetectável.

Os resultados, revelados recentemente em uma conferência sobre a Aids em Amsterdã, mostraram que o sexo desprotegido entre esses casais pode ocorrer sem chances de transmissão o vírus, mas apenas se a terapia antirretroviral (TARV) for administrada diariamente. As informações são do Daily Mail.

O estudo, considerado o maior do tipo, foi baseado em um experimento feito com homens homossexuais, que, de acordo com os cientistas, estão em maior risco de transmissão, uma vez que o sexo anal apresenta um risco maior de infecção.  

As terapias antirretrovirais envolvem pacientes que tomam pílulas diárias para impedir a replicação do vírus, reduzindo assim o risco de transmissão. No entanto, não são caracterizadas como um tipo de cura.

O estudo em questão, realizado entre 2010 e 2018, envolveu 1.000 casais de homens homossexuais de 14 diferentes países da Europa. Os casais relataram quase 77 mil episódios de sexo anal sem o uso de preservativo durante o período, sem que ocorressem transmissões de HIV vinculadas.

No entanto, 15 homens, originalmente HIV negativos, tornaram-se soropositivos durante o estudo. Mas, ao comparar a estrutura de cada vírus, os pesquisadores descobriram que as infecções eram completamente diferentes. Logo, eles concluíram que as novas infecções não foram adquiridas pelo parceiro soropositivo.

De acordo com a pesquisadora Dra. Alison Rodger, que liderou o estudo, foram descobertas evidências sólidas de que “para os homens homossexuais o risco de transmissão com terapia antirretroviral supressiva é efetivamente zero”.

A pesquisadora acrescentou que os resultados também “sublinham a importância” de um diagnóstico precoce do HIV, para que os homens possam iniciar a terapia antirretroviral. 

O estudo, nomeado como PARTNER2, segue seu antecessor, o PARTNER1, que verificou que pessoas heterossexuais com uma carga viral indetectável não podiam transmitir o HIV.

Assume-se que homossexuais e bissexuais são mais suscetíveis a contrair o HIV porque o sexo anal apresenta um risco dez vezes maior de infecção do que o vaginal. Isso ocorre porque as células do ânus estão mais suscetíveis ao vírus, assim como o fluído do sêmen e revestimento anal, portando uma carga maior de vírus do que as secreções vaginais.

Estima-se que cerca de 36,7 milhões de adultos e crianças em todo o mundo tenham HIV. O vírus danifica progressivamente as células do sistema imunológico, enfraquecendo a capacidade de um organismo a combater doenças e infecções.

Sem tratamento, pode levar à AIDS, que caracteriza uma série de infecções com risco de vida incapazes de serem combatidas por um sistema imunológico enfraquecido.

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Max Pixel

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