Este novo tratamento poderia fornecer controle de glicose para pacientes com diabetes sem a necessidade de injeções constantes de insulina

de Merelyn Cerqueira 0

Pessoas com diabetes do tipo 2 necessitam constantemente confiar suas vidas a medicamentos, uma vez que a doença afeta a forma como o corpo metaboliza a glicose, principal fonte de energia.

Complicada de ser gerenciada, especialmente se há a necessidade de doses diárias de insulina, a condição tem dado trabalho à ciência, que busca uma forma de medicamento que seja mais durável.

Agora, um estudo recente realizado em ratos e macacos mostrou que um tratamento potencial exigiu apenas algumas injeções mensais do hormônio.

Alguns dos medicamentos para diabetes tipo 2 de última geração contém uma molécula chamada GLP1, um peptídeo similar ao glucagon. Ele estimula a produção de insulina no corpo, mas somente quanto este precisa de mais glicose. 

Enquanto este parece ser um remédio ideal, ele infelizmente tem uma meia-vida curta. Isso significa que se quebra rapidamente dentro do corpo, tornando-se um tratamento impraticável a longo prazo. 

No entanto, quando combinado com outras moléculas, essa meia-vida curta do GLP1 pode ser prolongada, embora apenas em 3-7 dias.

No momento, alguns pacientes nos EUA já possuem algumas opções de tratamentos que podem ser injetadas semanalmente, mas os cientistas estão procurando uma maneira de diminuir essas aplicações. 

Com isso em mente, uma equipe de pesquisadores da Duke University conseguiu combinar a GLP1 com uma molécula de biopolímero, que começa com um liquido em temperatura mais fria, mas engrossa em uma substância semelhante ao gel quando em reação ao calor do corpo.

Isso significa que a solução pode ser administrada como uma injeção simples, mas, uma vez dentro do corpo, é liberada devagar, de modo que possa controlar os níveis de glicose no sangue por mais tempo e com apenas uma dose. 

Para testar se a solução funcionava, os pesquisadores utilizaram ratos e macacos rhesus – duas espécies com modelos de diabetes bem estabelecidos. Eles obtiveram resultados positivos em ambos os casos.

Nos camundongos, a substância controlou os níveis de glicose durante 10 dias após uma única injeção. Já nos macacos, cujo metabolismo é mais lento, os efeitos duraram cerca de 17 dias.

O fato é que mais de duas semanas para uma única injeção é melhor do que qualquer outro tratamento atualmente no mercado.

A equipe acredita que, como o metabolismo humano é ainda mais lento, teoricamente a droga poderia durar ainda mais tempo, talvez resultando em apenas uma injeção por mês. 

“Os dados apresentam evidências convincentes de que essa combinação exigiria não mais do que duas injeções por mês para seres humanos, e possivelmente cerca de uma por mês, especialmente tendo em vista o potencial de empacotamento de dose desse sistema”, escreveram os pesquisadores no artigo, publicado no periódico Nature Biomedical Engineering.

A equipe acredita que a nova abordagem poderia ser aplicada também em outros tipos de medicamentos. Contudo, vale a pena lembrar que os testes, até o momento, funcionaram apenas em animais, portanto, são necessárias mais pesquisas para verificar como esses princípios funcionariam em humanos. 

Os medicamentos atuais à base de GLP1 não são considerados tratamentos de primeira linha para pessoas com diabetes do tipo 2, mas, a pesquisa em questão parece dar um passo importante para facilitar o gerenciamento da doença.

Fonte: Science Alert Fotos: Reprodução / Science Alert

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