Descoberta de reserva gigante de hélio na Tanzânia pode ser “divisor de águas” para indústrias

de Merelyn Cerqueira 0

Durante anos, especialistas vêm alertando para a ameaça da falta de hélio no planeta, devido ao esgotamento gradual das reservas conhecidas.

Entretanto, recentemente, pesquisadores britânicos descobriram uma grande reserva do gás na Tanzânia, através de um novo método de exploração que oferece um pouco mais de esperança para o futuro.

As atividades vulcânicas desempenham um papel fundamental na produção natural de reservas de hélio, de acordo com os resultados apresentados por uma estudante e pesquisadora da Universidade de Durham, Diveena Danabalan, em uma conferência geoquímica realizada no Japão. Os cientistas destas universidades, ambas da Inglaterra, colaboraram como uma empresa de exploração norueguesa, Helium One, na combinação de imagens sísmicas e amostras geoquímicas para identificar a identidade da reserva recém-descoberta.

Apesar de ser um dos elementos mais abundantes no Universo, há muito pouco dele aqui na Terra – cerca de 5 partes por milhão. Também é um dos elementos mais leves, o que significa que pode evaporar para fora da atmosfera rapidamente.

As reservas de hélio que temos hoje são, principalmente, resultado do urânio e outros elementos pesados, que, quando submetidos ao decaimento radioativo, acabam produzindo átomos de hélio. Há também os que estão presos na terra a partir de depósitos de gás natural, normalmente extraídos por meio do processamento desse gás.

Cerca de um quinto do hélio consumido no mundo é utilizado em máquinas de ressonância magnética, uma vez que levam imãs supercondutores que necessitam de hélio líquido para atingir temperaturas suficientemente frias para funcionarem. Além de ser essencial para a pesquisa científica, o hélio também é utilizado pela indústria de supercondutores para crescer cristais, resfriar componentes e detectar vazamento em estações de teste.

O fato é que, nós consumimos muito mais hélio do que é produzindo naturalmente a cada ano. Quando o físico e prêmio Nobel, Robert Richardson, da Universidade de Cornell, EUA, presidiu um estudo realizado pela Academia Nacional de Ciências, em 2010, ele declarou que nossas reservas existentes iriam acabar dentro de 25 anos. À luz disso, esse hélio deveria passar a custar cerca de 100 dólares o balão – se os valores fossem determinados com base em um mercado aberto.

Assim, quando a equipe juntou forças para sair a procura do gás, eles descobriram um rico depósito vulcânico no Vale Rift, Tanzânia que poderia abastecer cerca de 1,2 milhões de scanners de ressonância magnética. Segundo o pesquisador Chris Ballentine, da Universidade de Oxford, a descoberta “é um divisor de águas para a futura segurança das necessidades de hélio na sociedade, e achados semelhantes podem não estar tão longe de serem realizados”. 

Entretanto, se esse hélio estiver preso bem próximo ao vulcão, acabará se misturando com todos os gases dali. Logo, será necessário um processo lento e caro para separá-los, que pode não valer a pena. Segundo Danabalan, agora a equipe trabalha “para identificar a ‘zona-chave’ entre as antigas e recentes crostas, onde o equilíbrio entre a liberação de e hélio e diluição vulcânica é estável”.

[ Gizmodo ] [ Foto: Reprodução / Wikipédia ]

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