“Crab Pulse”: a mais brilhante explosão já vista desafia as clássicas teorias astronômicas

de Rafael Fernandes 0

Os astrônomos descobriram o maior pulsar ultra luminoso de radiação já detectado.

O pulsar recorde, de 6.500 anos-luz de distância, apareceu numa estrela de nêutrons no centro da supernova de 1054. Conhecido como Crab Pulse, ele é o que sobrou de quando a estrela que criou a Crab Nebula explodiu como uma supernova.

De acordo com cientistas, a descoberta desafia as teorias atuais sobre como estrelas de nêutrons funcionam. Os pulsares foram encontrados por pesquisadores que trabalham no Observatório Atmosférico Gamma-ray (MAGIC), nas Ilhas Canárias. Acredita-se que o pulsar tem uma massa equivalente a 1,5 da massa do Sol. A massa está concentrada em cerca de 10 km de diâmetro, o pulsar gira 30 vezes por segundo e está rodeado por um campo magnético dez bilhões de vezes mais forte que o do Sol.

Este campo é forte o suficiente para dominar o movimento de carga e a força de sua energia e os obriga a girar na mesma velocidade que a superfície estelar. Esta região é chamada de magnetosfera.

A rotação do campo magnético, também intenso, gera campos elétricos que racham os elétrons da superfície. Enquanto esses elétrons acelerados se expandem para o exterior, produzem feixes de radiação que recebemos toda vez que atravessam nossa linha de visão, semelhante a um farol.

Em 2011, o MAGIC descobriu fótons inesperados muito energéticos. “Realizamos uma observação profunda do Crab Pulse com o MAGIC para entender esse fenômeno, esperando para medir a energia máxima dos fótons pulsantes”, disse Emma de Oña Wilhelmi do Instituto de Ciências Espaciais.

Roberta Zanin de (ICCUB-CEIE, Barcelona) continua: “As novas observações estendem muito a cauda, acima de trilhões de volts de elétron (TeV). Ou seja, várias vezes mais potente do que a medição anterior, violando todos os modelos de teoria que se acredita em relação às estrelas de nêutrons.”

Onde e como esta emissão TeV é criada, ainda não se sabe. E, além de tudo, tornou-se mais difícil de conciliar os achados com as teorias padrão, dizem os pesquisadores.

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O que é um pulsar?

Pulsares são essencialmente estrelas de nêutrons altamente magnetizadas em rotação. Estas estrelas têm campos magnéticos extremamente fortes que aceleram partículas já carregadas. São feitas de matéria muito mais densa do que o normal, o que dá à estrela uma densidade comparável a um núcleo atômico.

Os campos magnéticos emitem radiação em um feixe que varre através do céu como a luz de um farol, enquanto a estrela gira em forma de cone.

Quando o feixe passa pela terra, torna-se visível como um pulsar, produzindo luz que transforma cada segundo em apenas alguns milissegundos. O seu período de rotação é tão estável que alguns astrônomos o usam para calibrar instrumentos e sincronizar relógios.

Em 1967, a astrônoma britânica Dame Jocelyn Bell Burnell foi a primeira a descobrir uma pulsação, quando ela viu um pulsar de rádio. Desde então, outros tipos de pulsares que emitem raios X e raios gama também foram avistados.

[ Daily Mail ] [ Foto: Divulgação ]

Jornal Ciência