Conheça a história por trás da “árvore mais solitária da Terra”

de Merelyn Cerqueira 0

A árvore de espécie Picea sitchensis, vulgarmente chamada de Sitka Spruce, é bem conhecida por ser utilizada na confecção de violões.

A espécie também é tida como o terceiro maior ser vivo da Terra. No entanto, uma Sitka Spruce, em especial, conseguiu um feito mais impressionante do que estes.

Ela foi aceita pelo Guinness Book of World Records, como a árvore mais solitária do mundo, uma vez que a espécie mais próxima está a 200 km de distância. 

Localizada na Campbell Island, a 700 km ao sul de Bluff, na Nova Zelândia, ela tem conseguido sobreviver as condições desfavoráveis do local que incluem fortes ventos que atingem a região quase todos os dias do ano.

O clima extremo de Campbell Island não é exatamente ideal para se viver, logo, nenhuma pessoa vive na região.

As únicas pessoas que ocasionalmente visitam a região, que há séculos permanece deserta, são pesquisadores. Árvores também não crescem ali, de modo que, além da Sitka Spruce, apenas alguns arbustos e gramíneas tolerantes ao vento compõem a ilha.

Acredita-se que a Sitka Spruce de Campbell Island tenha sido plantada pelo excêntrico Lord Ranfurly, que governou a Nova Zelândia entre 1901 e 1907.

Não está claro por que exatamente ele decidiu plantar a árvore na ilha. No entanto, fontes sugerem que ele lamentava que a região não tivesse uso produtivo, e deu o primeiro passo para iniciar uma silvicultura.

Entretanto, sua ideia nunca funcionou, devido ao clima severo da ilha. Porém, de alguma forma a Sitka Spruce sobreviveu, algo que vem fazendo há mais de um século.

Além de sua reputação de solitária, a Sitka Spruce ainda tem outras particularidades. Por exemplo, ela tem a forma semelhante à de uma couve-flor gigante, o que possivelmente foi causado pelo corte repetido de seu tronco durante décadas.

Antes de 1958, quando a remota estação meteorológica de Campbell Island se tornou totalmente automatizada, uma equipe era contratada para cortar o topo da Sitka Spruce a cada final de ano.

O pedaço era transportado para a estação para ser usado como árvore de Natal. Mas, de alguma forma, ela sobreviveu a esta mutilação anual, adaptando sua forma no processo. Já fazem seis décadas que esse corte anual não ocorre, o que deu à árvore uma chance de crescer para mais de 10 metros.

Outro fato fascinante sobre a Sitka Spruce mais solitária do mundo é que, apesar de ter mais de 100 anos de idade, ela nunca produziu estróbilos (cones) como são chamados os órgãos masculinos e femininos das coníferas. Isso, de acordo com cientistas, sugere que ela nunca se tornou adulta e, portanto, permaneceu em um estado permanentemente juvenil.

A árvore recentemente começou a ajudar pesquisadores a confirmar que a Terra entrou em uma época geológica completamente nova. Eles encontraram um pico de radiocarbono, também conhecido como “espiga de ouro”, em uma amostra coletada do núcleo da árvore.

Segundo eles, isso confirma que nosso mundo entrou em um novo período, chamado oficialmente de Antropoceno.

Fonte: Oddity Central Fotos: Reprodução / Oddity Central

Jornal Ciência