Conheça a história de Maria Adelaida, que apesar de nunca ter sido canonizada é considerada uma santa muito querida pelos portugueses

de Merelyn Cerqueira 0

Maria Adelaide nasceu na cidade de Porto, em Portugal, em 1835. Ela cresceu em um internato local, de modo que na adolescência foi levada a um convento em uma cidade vizinha, em Vila Nova de Gaia.

Uma vez lá, acabou contraindo tuberculose. Eventualmente, sua condição ficou tão grave que seus médicos lhe aconselharam a deixar o convento e voltar para Porto. Embora tenha obedecido, sua saúde piorou novamente.

Logo, foi aconselhada a se mudar para uma região mais costeira, próxima a uma “abundância de pinheiros e eucaliptos”, segundo informações da Atlas Obscura.

Maria Adelaide se mudou para Arcozelo em maio de 1876, acompanhada de um médico e alguns amigos.

O clima apropriado do local, juntamente com toda a ajuda e bondade que recebeu, fez com que sua saúde melhorasse significativamente, deixando-a capaz de retomar suas atividades diárias, que incluía cozinhar e costurar. Ela utilizava estes talentos para arrecadar dinheiro para os mais necessitados, e em seu tempo livre guiava as crianças em relação ao catecismo.

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Maria Adelaide morreu em 1885, quando um resfriado agravou sua já frágil condição de saúde. Ela foi enterrada no cemitério local, em Arcozelo, onde seu corpo e história permaneceram intactos pelos trinta anos seguintes. 

Em 1916, quando o terreno onde estava enterrada foi vendido, seu caixão foi retirado e aberto. Para a surpresa do coveiro, um corpo incorrupto, roupas intactas, e “um forte aroma de rosas” foi revelado.

Os responsáveis pela exumação então determinaram que o corpo deveria ser lavado com substâncias químicas e enterrado em uma sepultura comum.

No entanto, seus planos não puderam ser mantidos em segredo, e o que surgiu foi uma série de pequenos conflitos entre as autoridades e os moradores locais.

A briga eventualmente culminou com a invasão do cemitério pela população durante uma missa dominical. Logo, o caixão de Maria Adelaide e seu corpo foram trazidos de volta à superfície.

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O corpo então foi lavado por um grupo de mulheres, vestido com roupas novas e guardado em uma urna, para que a população pudesse visitá-lo.

As pessoas acreditavam que Maria Adelaida era uma santa, devido a sua bondade em vida e as condições de seu corpo. Assim, decidiram que ela deveria ter sua própria capela, que ficou pronta em 1921 e três anos depois foi substituída para uma maior.   

Em 1924, uma onda de violência tomou o local, mas nenhum dano foi causado ao corpo. Embora a capela tenha sofrido duas tentativas de assalto em 1930 e 1931, foi em 1981 que o verdadeiro assalto ocorreu, deixando consideráveis danos ao corpo de Maria Adelaide. Já em 1983, um homem invadiu a capela e tentou destruir a múmia a marteladas.

Mesmo com toda a história da mulher em vida e morte, a Igreja Católica recusou sua canonização.

No entanto, a população deliberadamente a tomou como “santa”, e seu corpo segue sendo muito visitado pelos fiéis.

Santa Maria Adelaide é tão querida que até já ganhou seu próprio museu, onde foram guardados cerca de 600 vestidos de batismo, comunhão e casamento, dinheiro de mais de vinte e cinco países, todos os tipos de cerâmica, joias, velas, relógios de pulso, camisas esportivas, algumas próteses e fios de cabelos cortados, e milhares de fotografias e notas de agradecimento. 

Fonte: Atlas  Fotos: Reprodução / Atlas

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