Conheça a história do cientista russo que tentou criar um híbrido de humano e macaco

de Merelyn Cerqueira 0

Ilya Ivanovich Ivanov era considerado um cientista talentoso, conservacionista dedicado e um homem prático que teria expandido a compreensão da Ciência a respeito de alguns animais. Mas também, durante anos, ele tentou fazer um híbrido de humano e macaco, segundo informações do io9 (Gizmodo).

Após a revolução, a URSS era uma nação que queria quase inteiramente abraçar novas tecnologias e ciência progressista, o que reforçaria ainda mais o orgulho nacionalista. Logo, Ivanov acabou por se encaixar bem nas ideologias do país, e decidiu que dividiria seus conhecimentos sobre Biologia em nome da inovação e preservação.

Com apoio soviético e internacional, já que seu trabalho era considerado útil à época, em 1901, ele estabeleceu uma estação zoológica que visava examinar como os animais, especialmente os de fazenda, se reproduziam. Assim, ele estudou hormônios e processos de secreções associados à cópula, a fim de ver exatamente o que era necessário para concepção.

Quando conseguiu determinar que era necessário um espermatozoide e óvulo, ele encontrou maneiras de extrair, desinfetar e armazenar o sêmen dos animais. Apesar de soar algo pequeno, hoje, graças a isso, grande parte da indústria agrícola é capaz de usar inseminação artificial.

Enquanto Ivanov ainda estava vivo, milhões de animais foram criados seletivamente a partir dessas técnicas. E ele não estava apenas produzindo animais de fazenda. Sua técnica de reprodução seletiva e inseminação artificial também utilizada para preservar espécies em perigo de extinção.

No entanto, em ocasiões distintas, ele fazia o cruzamento entre diferentes espécies, apenas para ver os resultados, e não era criticado por isso. Em 1910, durante um Congresso Mundial de Zoólogos, Ivanov descreveu a ideia de usar a inseminação artificial para criar híbridos de humanos e chimpanzés.

O público presente era composto por cientistas que em partes se mostraram desconfortáveis, enquanto algumas pessoas que eram realmente favoráveis.

Assim, em 1924, com apoio de Nikolai Petrovich Gorbunov, chefe do Departamento de Instituições Científicas, Ivanov começou a viajar pelo mundo para encontrar cobaias para realizar o experimento. Era relativamente difícil conseguir chimpanzés de qualquer tipo, mas ele conseguiu capturar um grupo selvagem de 13 fêmeas.

Repetidamente o cientista injetou nas primatas fêmeas esperma masculino humano, mas nenhuma delas conseguiu engravidar. Em 1927, desanimado pelos seus primeiros esforços, resolveu fazer o contrário.

Ele sugeriu que seriam necessárias pelo menos cinco voluntárias mulheres que seriam inseminadas com esperma de chimpanzé. Contudo, elas teriam de ficar em isolamento para garantir que não houvesse risco de contaminação.

Neste momento, rumores sobre o experimento começaram a vazar. Embora a maioria fora considerada absurda, e por isso descartada, os boatos dificultaram os esforços do cientista para conseguir um chimpanzé macho adulto.

Em 1930, quando o clima político se voltou contra ele, foi condenado e enviado a uma prisão, na região do atual Cazaquistão, para trabalhar em uma estação veterinária, até que morreu em razão de um derrame, dois anos depois.

Há quem diga que pelo menos uma mulher voluntária teria sido inseminada com o esperma do chimpanzé, mas o procedimento não resultou em gravidez. Isso, no entanto, é apenas mais um dos boatos.

Fonte: Gizmodo Foto: Reprodução / Gizmodo 

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