Conheça a cruel busca por ossos de albinos no Malauí

de Gustavo Teixera 0

No Malauí, um país na parte oriental da África, acontece uma das maiores crueldades da humanidade: a caçada por ossos de albinos.

 

Isso ocorre, pois no Malauí muitas pessoas acreditam que os ossos de pessoas albinas trazem saúde e sorte. Femia Tchulani, uma vendedora de legumes que vive no Malauí sobreviveu a uma tentativa de sequestro feita por esses caçadores de ossos de albinos que queriam matá-la para remover partes de seu corpo e usar em rituais religiosos.

 

Confira o relato da mulher para a BBC África:

Era uma sexta-feira. Cinco homens e uma mulher chegaram à minha casa por volta das 19h. Quando apareceram, eu estava na cozinha preparando o jantar. Meu marido estava do lado de fora. Disseram que procuravam por mim e que eram policiais e estavam ali para me proteger porque receberam a informação de que queriam me matar.

 

Fiquei assustada. Eram pessoas desconhecidas, nunca as tinha visto antes. Apesar de terem dito que eram policiais, não usavam uniforme. Meu marido e eu, além de alguns vizinhos, concordamos em ir com eles a uma unidade policial. Quando chegamos lá, o posto estava trancado.

 

Os cinco que alegavam ser policiais chamaram outras três pessoas que estavam num bar próximo. Eles tentaram forçar eu e meu marido a irmos até outra unidade policial, mais longe da nossa área. Meu marido insistiu que eles não deveriam me levar sozinha. Ele ficou argumentando que não tínhamos cometido nenhum crime.

 

Quando perceberam que a gente não ia sair dali, ficaram nervosos e simplesmente foram embora. Conhecemos os policiais que trabalham na nossa área, e essas pessoas eram desconhecidas, ninguém as conhecia”.

 

Após esse incidente, Tchulan ainda relatou outra ocasião que tentaram raptá-la: Ainda não me sinto segura. Por exemplo, teve uma noite no mês passado em que algumas pessoas tentaram entrar na minha casa pelo telhado. Eu acordei e fiquei alerta. A gente saiu de casa e gritou. Só assim eles fugiram”.

 

Ela lamenta a indiferença ao caso de perseguição aos albinos por parte do governo do país: Gostaria que o governo cuidasse do meu bem-estar porque estou impossibilitada de trabalhar e ganhar dinheiro suficiente para minha família por causa do que aconteceu”.

 

A Organizações das Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta no ano passado no qual afirmou que no Malauí, cerca de 10 mil albinos estão ameaçados de morte, devido ao fato de acharem que seus ossos trazem sorte. Ainda segundo o alerta emitido pela ONU, 19 albinos foram mortos e cerca de 100 desapareceram ou sofreram tentativa de sequestro desde novembro de 2014.

 

Um outro fato que chama a atenção é que no país, covas de albinos são invadidas por caçadores que pegam seus ossos e restos mortais. Segundo a Anistia Internacional, a maioria dos ataques contra albinos não tem solução pois a polícia não é capacitada para investigar a fundo.

[ Fonte: BBC ]

[ Fotos: Reprodução / BBC ]

Jornal Ciência