Conheça a astronauta brasileira que trabalha na NASA há mais de 20 anos

de Gustavo Teixera 0

A cientista e astrofísica brasileira Duília Fernandes de Mello, de 53 anos, trabalha na NASA há 20 anos e já ajudou a descobrir várias coisas. 

Ela esteve presente quando avistaram bolhas azuis, estrelas órfãs e sem galáxias, e também quando foi descoberta uma explosão que representa o estágio final da evolução de uma estrela, a supernova 1997-D. Hoje, trabalha no programado telescópio Hubble e também é professora e vice-reitora da Universidade Católica de Washington, nos Estados Unidos.

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A Universidade de Columbia, também nos Estados Unidos, nomeou recentemente Duília como uma das 10 mulheres que transformam o Brasil.

Apesar de atuar nos Estados Unidos, Duília nasceu, cresceu e estudou no Brasil. Ela se formou em astronomia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1985, e fez doutoradona Universidade de São Paulo (USP), além disso se tornou mestre pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE).

Duília acredita que o Brasil está evoluindo nos estudos de astronomia. Ela foi a responsável pela descoberta da supernova 1997-D. 

De acordo com a cientista, isso aconteceu em janeiro de 1997 enquanto estava observando imagens feitas pelo telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO) no Observatório Interamericano Cerro Tololo, no Chile.

Naquele tempo, Diúlia ainda não trabalhava na NASA. Ela realizou essa descoberta enquanto analisava estrelas da galáxia NGC1536 quando percebeu que havia algo não muito comum.

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Naquele momento, a cientista descobriu a supernova. “Ela tinha explodido há 53 milhões de anos-luz”, disse Diulía. “Fui simplesmente guiada pela minha curiosidade. Num campo com um conjunto de estrelas, vi que tinha uma a mais.

Usei um instrumento em cima dessa estrela e percebi que ela tinha acabado de explodir por conta das propriedades da composição química”, contou. 

A equipe que trabalhava junto com Diúlia enviou uma carta para a União Astronômica Internacional (IAU) e informou a eles detalhes sobre a supernova. “A 1997D é uma supernova peculiar, com 100 dias de formação, no máximo. Seu espectro contém uma variedade de linhas sobrepostas em vermelho”, dizia a carta.

Em 1997 a cientista começou a trabalhar na NASA e a fazer pós-doutorado no projeto do telescópio Hubble, utilizado pelo diretor da NASA, Bob Williams. Ele descobriu o campo profundo que é um trecho considerado “vazio” do espaço,mas, na verdade, possuía mais de 3 mil galáxias. 

Nesta ocasião, Williams captou milhares de corpos celestes há 3,5 bilhões de anos do hemisfério norte e iniciou estudos para captar corpos celestes no hemisfério sul. 

Diúlia resolveu que queria participar desse projeto supervisionado por Bob. “Mandei um e-mail para o Williams e falei: ‘por ser brasileira, ou seja, única representante do hemisfério Sul aqui na Nasa, queria muito participar desse projeto’. Ele só respondeu: ‘Bem-vinda”, relembrou.

Os especialistas precisaram potencializar as câmeras dos telescópios para assim conseguirem ver as galáxias a 12 bilhões de anos-luz de distância. “As cores do hemisfério sul são diferentes, porque revelam propriedades diferentes”, explicou Diúlia. 

A partir dessa análise, foi possível encontrar a existência de um objeto que emite 1.000 vezes mais luz que uma galáxia. Já a descoberta das bolhas azuis aconteceu em 2008. 

Diúlia já estava casada com um astrônomo e trabalhava no Observatório Espacial Onsala, na Suécia, onde ficou até 2002, e posteriormente recebeu um convite da NASA para participar de um projeto que iria analisar imagens ultravioleta feitas por três telescópios de campos ultraprofundos.

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As análises dessas imagens poderiam permitir que estatísticas de supernovas e explosões de estrelas fossem feitas. Também poderia ajudar a confirmar a teoria de que o universo está em expansão constantemente. 

A experiência de Diúlia fez com que fosse descoberto “aglomerados azuis brilhantes de estrelas”, comumente chamadas de bolhas azuis. Mas isso só foi possível devido a ajuda de Claudia Mendes de Oliveira, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP).

“Há regiões pequenininhas na cauda de galáxias em colisão que geram um efeito maré, em que a gravidade faz com que a galáxia fique meio distorcida. Nessa distorção de gás, vê-se um orfanato de estrelas jovens. Elas são as bolhas azuis”, disse a astronauta. 

Essa descoberta mudou a ideia que os cientistas tinham sobre as estrelas se formarem apenas em nuvens densas de materiais dentro das galáxias. Naquele tempo, a pesquisadora disse que o descobrimento poderia “ajudar a entender como se formam galáxias”.

Diúlia conquistou muita coisa, mas ela quer ir ainda mais alto. A cientista fala da importância das mulheres nessa área, pois até os dias de hoje é um dos setores onde os homens predominam. 

“A mulher não faz ciência igual ao homem, assim como a mulher não é igual ao homem. Costumo dizer: ‘siga o seu sonho, mas tenha o talento para isso”, finalizou.

Fonte: VIX Fotos: Reprodução / VIX

Jornal Ciência