Como pessoas sem talento algum ficam famosas e permanecem na mídia? A ciência explica!

de Merelyn Cerqueira 0

Vivemos uma época em que somos constantemente bombardeados por youtubers, blogueiros e até mesmo as Kardashians, que parecem surgir do nada e ainda conseguir exposição na mídia, por meio de manchetes diárias sobre suas vidas. Certamente que você já se questionou como isso pode acontecer, e se o talento realmente conta na hora de ficar famoso.

Segundo informações da New Scientist, um estudo de psicologia publicado em 2009 ajudou a explicar o porquê de algumas pessoas continuarem em ascensão muito tempo depois de seu talento ter desvanecido, ou até mesmo nunca ter existido.

De acordo com um dos pesquisadores, Nathanael Fast, da Universidade de Stanford, nos EUA, basicamente nós precisamos de algo para falar. É parte do desejo humano encontrar um plano de fundo comum para conversas, o que nos puxa a discutir assuntos populares com outras pessoas.

A equipe de Fast não focou sua pesquisa em celebridades listadas em colunas de fofocas, mas sim em jogadores profissionais de beisebol que atuam na liga norte-americana (MLB). Segundo ele, há uma tonelada de estatísticas e dados de desempenho sobre esse esporte.

A ideia dos pesquisadores era poder comprovar que os jogadores mais conhecidos poderiam se tornar cada vez mais proeminentes do que os desconhecidos que jogavam tão bem ou melhor. “E nós conseguimos montar um caso convincente”, disse ele.

Para determinar se a conversa poderia conduzir a fama, independente do talento, a equipe de Fast montou uma lista de oito jogadores de beisebol com estatísticas de desempenho de temporadas passadas, e passou-a para 33 voluntários homens e 56 mulheres. Todos teriam de escolher um único nome da lista e elaborar um breve e-mail para outra pessoa do grupo falando sobre o jogador.

Os pesquisadores descobriram que, com maior frequência, os voluntários conversavam sobre os jogadores mais populares – mas, que estavam com desempenho abaixo dos mais cotados, e que por sua vez eram menos conhecidos. No entanto, os voluntários que eram fãs do esporte escolhiam esses jogadores menos conhecidos, pois acreditavam que estavam enviando os e-mails para especialistas. Quando não sabiam muitos detalhes sobre eles, tendiam a falar sobre os mais proeminentes.

Segundo Fast, até mesmo os especialistas em esportes costumam alimentar os fãs com informações que eles já sabem, para ajudar a estabelecer uma conexão.

Influência amadora

Para testar sua teoria em uma escala maior, Fast e sua equipe examinaram jogadores em fóruns de internet e descobriram que as votações para os melhores da temporada tendiam para os jogadores mais populares, e não para os que tinham se saído bem durante o ano. Ou seja, na verdade o jogador que recebia mais votos tinha sido o mais explorado pela mídia durante a temporada.

“Ideias infecciosas”

Os dados obtidos, segundo Fast, torna válida a teoria de que pessoas proeminentes ficam mais populares a cada dia por que sevem como tópico de conversação, o que por sua vez impulsiona a atenção midiática.

Tome Paris Hilton como exemplo, de alguma fora ou de outra, ela se tornou conhecida e por isso as pessoas estão mais propensas a falar sobre ela”, disse ele.

De acordo com psicólogo Mark Schaller, da Universidade de British Columbia, no Canadá, o estudo fornece a resposta de que a fama se perpetua sozinha, mesmo quando a pessoa famosa não tem qualquer talento.

O que ficou pouco claro para os cientistas é como as pessoas, ideias e práticas tornam-se proeminentes em primeiro lugar. No beisebol, por exemplo, o desempenho pode proporcionar o impulso inicial para o estrelato. Contudo, outros aspectos da cultura entram em destaque por uma causa de comunicabilidade, de acordo com Schaller.  “Fazer uma ideia ‘pegar’ não é algo muito diferente de uma forma metafórica de ‘espalhar’ uma doença”, disse ele.

[ New Scientist ] [ Foto: Reprodução / New Scientist ]

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