Como explicar a existência de tantas raças de cães se todos eles são da mesma espécie?

de Merelyn Cerqueira 0

Primeiramente, tenha em mente que os que conhecemos hoje fazem parte de uma única espécie, a Canis lupus familiaris. Contudo, a pergunta que fica é, se eles são da mesma espécie, porque são tão morfologicamente diferentes?

Conforme publicado pelo Diário de Biologia, há um procedimento conhecido como “cruzamento seletivo”, pelo qual os criadores minunciosamente selecionam quais atributos querem que sejam característicos em um determinado cão.

Este, no entanto, é um processo demorado, que requer paciência e, em muitos dos casos, resulta no sofrimento dos animais, como é o caso dos pugs.

Então, esse determinado atributo é explorado e acentuado entre os cruzamentos até que prevaleça geneticamente no animal. Logo, a cada geração, essa particularidade vai se acentuado até que em um determinado momento, todos os filhotes nascerão com ela.

Tal método pode ser conseguido por meio de cruzamentos endogâmicos, que ocorrem quando os animais são geneticamente parecidos, ou seja, membros de uma mesma família.

Isso faz com que a variedade genética entre fique diminuída, ao passo em que também aumenta os riscos de defeitos de nascença. Assim, se um animal nasce com um defeito congênito, é altamente provável que seus descendentes também o façam.

Em outras palavras:é um ressudo daquela história que você ouviu de que se relacionar com primos pode gerar filhos com defeitos genéticos. 

Portanto, as novas raças que conhecemos hoje surgiram por meio desse tipo de seleção fenotípica, que com o tempo foi se aprimorando.

Logo, todos esses animais carregam consigo uma informação genética “defeituosa”, algo conhecido como “baixa variabilidade genética”, que não permite aos animais uma maior escolha genética saudável.

O lado ruim dessa história é que, como cruzam entre si, esses animais de “raça pura” possuem doenças comuns que são passadas de forma permanente para frente, conforme você pode conferir abaixo:

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  • – Yorkshire: colapso traqueal é um dos maiores problemas da raça. A traqueia desses cães diminui até que dificulta a passagem do ar, resultando em crises de vômito e problemas cardíacos.
  • – Pastor-alemão: os constantes cruzamentos mudaram a estrutura óssea do quadril dessa raça, frequentemente resultando em displasias coxofemorais. Essa condição causa intensas dores no animal, que pode até não conseguir mais andar.
  • – Pinscher: problemas como luxação na rótula do joelho e necrose da cabeça do fêmur são comuns nestes pequenos cães. Outras doenças comuns incluem epilepsia e sarna demodécia (sarna negra).
  • – Dálmata: sendo esta a raça mais afligida pela surdez, estima-se que 30% deles fiquem surdos de um ouvido com o passar o tempo, enquanto que 10% de ambos. E ainda podemos prever quais deles serão afetados: quanto maior a extensão da cor branca no corpo, maior a probabilidade de surdez.
  • – Pugs: o característico focinho “achatado” dessa raça pode resultar em muitos problemas respiratórios que podem desencadear doenças do coração. A cauda em espiral, por outro lado, é um defeito genético que, de forma mais grave, pode levar à paralisia.

Fonte: Diário de Biologia Fotos: Reprodução / Diário de Biologia

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