Como a Ciência explica a obsessão coletiva por óvnis e abduções alienígenas?

de Otto Valverde 0

Luzes misteriosas que piscam no céu, espaçonaves inexplicáveis e supostas abduções alienígenas.

 

O interesse das pessoas na existência de vida além da Terra só aumenta com o passar do tempo, especialmente desde as pesquisas que começaram em meados dos anos 40 e 50, após a construção da famosa base aérea de Roswell, no Novo México, EUA. Mas como será que a Ciência explica esse tipo de obsessão?

 

De acordo com um artigo publicado pela The Conversation, escrito pelo professor e pesquisador Ken Drinkwater, da Universidade de Manchester, pesquisas estimaram que a crença em extraterrestres, em 2015, era de 50% em pessoas de cultura ocidental. E, um número significativo delas ainda afirmou já ter experimento abduções alienígenas.

 

Segundo ele, os primeiros relatos de abduções começaram por volta dos anos 1960, quando Betty e Barney Hill, disseram ter testemunhado luzes estranhas e perda de memória quando supostamente foram levados por alienígenas. Após a experiência, ambos experimentaram problemas psicológicos e, posteriormente, precisaram procurar terapia.

 

Na maioria das vezes, as consequências relatadas em casos de abdução de fato envolvem perda de memória e noção de tempo, problemas de sonambulismo, pesadelos e traumas psicológicos.

 

Uma pesquisa realizada pelo Centro Roper para Pesquisa de Opinião Pública, realizada 30 anos depois do relato de Betty e Barney, afirmou que cerca de cerca de 3,7 milhões de norte-americanos acreditavam que já haviam sido abduzidos, embora a precisão dos números ainda seja questionada.

 

Os céticos, por outro lado, argumentam que as abduções são meras histórias criadas para obtenção de ganhos financeiros ou vantagens sociais. E talvez Roswell seja o exemplo mais famoso disso. No entanto, os psicólogos encontraram uma série de explicações plausíveis e científicas para os supostos encontros.

 

Traços de personalidade

Essa primeira explicação sugere que quando as pessoas acreditam ter vivido experiências de abdução elas interpretam mal toda a situação e ainda distorcem os eventos, combinando-os com fatos reais e imaginários. Logo, isso pode ser explicado em termos de processos psicológicos e características de personalidade.

 

Uma série de estudos já relatou que entre voluntários, os que dizem ter experimentado abduções e os que não, não costumam diferir em muito. Ainda, em relação às medidas psicopatológicas objetivas – que avaliam o bem-estar psicológico – não há históricos de instabilidade mental.

 

No entanto, uma caraterística notada nas pessoas que afirmam ter experimentado abduções é a de propensão à fantasia. Elas, muitas das vezes, se evolvem em histórias bem elaboradas e confundem a realidade com o imaginário. Outra explicação psicológica para o caso é a dissociação, em que os processos mentais de um indivíduo o separam da realidade, às vezes, em resposta a eventos extremos ou estressantes da vida.

 

Essa tendência de propensão à fantasia e dissociação tem sido associada em estudos sobre traumas de infância e susceptibilidade hipnótica. Psicólogos argumentam que a facilidade à hipnose incentiva a criação e recuperação detalhada de fantasias. Portanto, é por essa razão que a Ciência acredita que as experiências de abdução possam surgir de uma combinação de características de personalidade e susceptibilidade a falsas memórias.

 

Sensibilidade cerebral

Estudos sugerem que respostas neuropsicológicas, como paralisia do sono e sensibilidade do lobo temporal, também poderiam explicar as histórias de abdução. Enquanto que primeira é uma sensação de consciência e incapacidade de mobilidade, que ocorre durante os estágios de vigília e sono, a sensibilidade é uma hipótese que sugere que os lobos temporais do cérebro são mais vulneráveis à influência de frequências magnéticas de baixo nível. Michael Persinger, neurocientista da Laurentian University, no Canadá, é um dos que acredita que o aumento da atividade dessa região do cérebro pode explicar experiências paranormais.

 

Contudo, nenhuma das explicações sugere que os cientistas acreditem que as pessoas estão mentindo, mas sim que as abduções podem ser explicadas através de recursos e hipóteses com base científicas.

 

Resumindo: há uma série de explicações lógicas e plausíveis, mas nenhuma delas se baseia na existência de alienígenas

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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