Cientistas revertem perda de memória em pacientes com Alzheimer

de Merelyn Cerqueira 0

Um pequeno estudo realizado com 10 pacientes com Alzheimer mostrou uma relevante melhora na memória por meio de um tratamento que combinou alterações no sono, dieta, medicação e exercícios físicos.

Conforme reportado pelo Mail Online, essa melhora foi observada logo nos primeiros meses e progrediu cada vez mais ao longo de um período de dois anos. Os resultados, publicados na revista Aging, sugerem que a perda de memória pode ser melhorada ou até mesmo revertida.

O tratamento envolveu um programa terapêutico complexo de 36 passos, que combinava mudanças abrangentes na dieta, estimulação cerebral, exercícios, otimização de sono, medicamentos específicos, vitaminas e outras medidas que afetam a química do cérebro.

Até o momento, nenhuma droga foi capaz de parar ou até mesmo retardar a progressão da doença de Alzheimer, apesar de algumas registrarem modestos efeitos sobre os sintomas.

No entanto, a nova pesquisa, realizada em colaboração com a Buck Institute for Research on Aging e a UCLA Easton Laboratories for Neurodegenerative Disease Research, espera abrir um novo caminho para o primeiro tratamento eficaz para a doença, desde que foi descrita há mais de 100 anos.

Segundo o líder do estudo, Dr. Dale Bredesen, a abordagem utilizada foi personalizada, feita por meio de testes extensivos, para que cada paciente tivesse a melhor chance de cura.

“Imagine um telhado com 36 buracos, a droga que fizemos remendaria muito bem apenas um deles”, disse. “Ela pode ter fixado um único orifício, mas você ainda terá outros 35 vazamentos”.

Todos os pacientes testados tinham sido definidos com comprometimento cognitivo leve (MCI), comprometimento cognitivo subjetivo (SCI) ou diagnosticados com a doença de Alzheimer.

Alguns deles tinham interrompido suas rotinas diárias, inclusive os empregos, em razão da perda de memória, ou estavam se esforçado ao máximo para mantê-los no momento do estudo. Contudo, desde então, eles têm sido capazes de retornar aos seus postos de trabalho ou a continuar a trabalhar, mas com melhor desempenho.

Dos dez pacientes, apenas um estava em carregando uma cópia do alelo APOE4, associado ao Alzheimer. Em outros cinco, foram encontradas pelo menos duas cópias, o que significa um risco de 10 a 12 vezes maior de desenvolver a condição.

Um deles, considerado pelos especialistas como o caso mais marcante, era de um senhor de 66 anos de idade.

Uma ressonância magnética mostrou que o volume de seu hipocampo – responsável pela memória – estava cerca de 17% mais baixo do que o normal para sua idade. Após 10 meses de tratamento, eles observaram resultados significativos: o crescimento do volume chegou à casa dos 12%.

Entretanto, segundo Dr. Bredesen, os resultados são “muito encorajadores”, mas ainda são “anedóticos”.

Um ensaio clínico mais extenso e controlado ainda é necessário. Logo, ele recomenda que descobrir o estado genético precocemente é a melhor forma de prevenção.

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Max Pixel

Jornal Ciência