Cientistas resolveram um dos maiores mistérios sobre o tubarão-baleia

de Merelyn Cerqueira 0

Mistério para a ciência. Eles se reúnem em apenas alguns lugares do mundo, algo que ainda confunde os cientistas.

No entanto, um novo estudo parece ter resolvido este mistério, e essa compreensão sobre os movimentos da espécie poderia ajudar a evitar perdas populacionais, que nos últimos 75 anos já sofrerem um declínio de 63%, segundo informações de Joshua Copping, Professor de Gestão de Ecossistemas Marinhos na Universidade de York, em um artigo para a The Conversation. 

Ao nadar sozinho, o tubarão-baleia, que pode crescer até 18,8 metros de comprimento e pesar cerca de 30 toneladas, consegue viajar por todo o mundo. Sabendo disso, um grupo de cientistas acompanhou um espécime em uma jornada de 19 mil quilômetros pelo Pacífico, que provou ser uma das mais longas migrações já registradas.

Conhecidos por se reunirem um apenas alguns lugares específicos do mundo, como costa da Austrália, Belize, Maldivas, México, entre outros, estima-se que tais reuniões abriguem de 10 a 500 tubarões.

Cerca de 20 pontos de encontro foram identificados, mas os cientistas ainda não sabem dizer o que exatamente atrai os tubarões-baleia para esses locais. Em alguns casos, fenômenos biológicos específicos foram observados, como a desova de caranguejos de Christmas Island, no Oceano Índico, por exemplo, que fornece aos tubarões um banquete sazonal.  

O estudo então visou descobrir se havia algo mais influenciando as migrações. Então, em colaboração com o Programa de Pesquisa de Tubarões-Baleia das Maldivas, os pesquisadores decidiram investigar mais profundamente tais reuniões. Eles verificaram que os tubarões-baleia se reúnem em áreas específicas de águas rasas, próximos a encostas íngremes que rapidamente dão lugar a áreas mais profundas, geralmente com 200 a 1.000 metros. 

Então, foram verificadas três razões principais para os locais. Primeiro, que a água profunda era usada pelos tubarões como alimentação. Estudos mostram que eles mergulham a profundidades de quase dois quilômetros para se alimentarem de zooplânctons e lulas. Segundo, as encostas íngremes são conhecidas por fornecer nutrientes da superfície até as profundezas, o que, por sua vez, aumenta a abundância de plânctons e atrai um grande número de animais filtradores.

E terceiro, em águas mais rasas, além de se alimentarem de corais e peixes, os tubarões-baleia são capazes de regularizar a temperatura do corpo, aquecendo-o de volta após mergulharem em águas profundas de até 4 graus Celsius. 

Embora as novas descobertas tenham reduzido algumas das principais razões pelas quais os tubarões-baleia se reúnem, muitos mistérios ainda permanecem em aberto, como o fato de que essas reuniões são predominantemente compostas por machos imaturos, geralmente com apenas quatro ou cinco metros de comprimento. Sendo assim, onde estão as fêmeas e onde acasalam e dão à luz? 

Até o momento, acasalamento e nidificação da espécie nunca foram vistos em estado selvagem. Mas, curiosamente, até 90% do tubarões-baleia que passam pela reserva marinha de Galápagos são fêmeas grávidas. Sendo assim, este ainda é um dos muitos segredos que a espécie tem guardado e provavelmente vai continuar guardando por algum tempo.

Fonte: Science Alert Fotos: Reprodução / Wikipédia / Pixabay / National Geographic

Jornal Ciência