Cientistas encontraram a parte do cérebro que faz você se coçar quando vê outra pessoa se coçando

de Gustavo Teixera 0

Muito parecido com o bocejo, a coceira pode ser contagiosa: ao assistirmos outra pessoa se coçando, misteriosamente passamos e ter coceira em alguma parte do corpo também.

 

Os cientistas descobriram agora que os ratos compartilham a mesma resposta, e essa descoberta poderia nos ajudar a identificar os circuitos cerebrais responsáveis ​​por nos fazer sentir a coceira de outra pessoa. Pesquisas anteriores sobre comportamentos socialmente contagiosos têm apoiado e rejeitado a ideia de que sentir a necessidade de bocejar ou coçar quando os outros estão fazendo o mesmo, estão ligados ao nosso senso de empatia.

 

Cientistas do renomado Centro para o Estudo de Coceira na Universidade de Washington achavam que seria mais fácil estudar o rato do que um primata, mas somente se o roedor compartilhasse o desejo de se coçar com outro rato. O primeiro passo foi colocar um par de ratos em recipientes vizinhos e analisar seu comportamento. Todos os sinais indicaram que se um rato se coçava, o outro era estatisticamente mais propenso a se coçar também.

 

Para assegurar que esta reação foi puramente baseada na percepção visual, eles repetiram o experimento usando um rato em uma tela de vídeo, e aconteceu a mesma coisa. Dentro de alguns segundos, o rato no gabinete começaria se a coçar, também“, disse o pesquisador Zhou-Feng Chen. Isso foi muito surpreendente porque os ratos são conhecidos por sua visão pobre. Eles usam o cheiro e o toque para explorar áreas, então não sabíamos se um rato notaria um vídeo. Ele não só viu o vídeo, mas como também estava se coçando.

 

Desde estudos anteriores, foi mostrado que os ratos só demonstraram empatia com indivíduos que eles conheciam, mas como o rato na tela era um estranho, a empatia não tinha nada a ver com a sua necessidade de se coçar. Foi examinado o cérebro dos ratos que assistiram outros ratos se coçando e isso revelou que uma região em seu hipotálamo – o chamado núcleo supraquiasmatico (SCN) – acenderia durante os momentos em que eles viram o outro rato se coçando.

 

Normalmente, essa parte do cérebro controla os ritmos circadianos, usando sinais luminosos detectados pelos olhos, para determinar quando o rato deveria sentir sono ou quando deveria estar acordado. Como o SCN recebe a entrada visual diretamente ou indiretamente, nós teorizamos que poderia ser um dos primeiros circuitos a mediar o comportamento contagioso do animal” os investigadores escreveram no relatório.

 

Para se comunicar, os nervos do SCN usam uma molécula semelhante à proteína chamada peptídeo liberador de gastrina (GRP) – um composto que Chen e sua equipe identificaram em 2007 como um mensageiro dos sinais de coceira entre a pele e a medula espinhal. Quando GRP foi bloqueado no cérebro, os ratos deixaram de se coçar quando assistiram a outros ratos fazendo isso, mesmo quando sua pele ainda poderia sentir coceira.

 

Por outro lado, injetar GRP diretamente em seus cérebros ao usar eletrodos para estimular o SCN causou-lhes a coceira. O rato não vê outro rato se coçar e depois pensa que deve se coçar também“, disse Chen. “Em vez disso, seu cérebro começa a enviar sinais de coceira usando GRP como mensageiro”, completou. No futuro, a equipe espera analisar os circuitos neurais envolvidos e descobrir exatamente como uma imagem desencadeia uma resposta inata.

 

Não está claro se acontece o mesmo nos seres humanos, mas de acordo com Chen, outros comportamentos socialmente contagiosos poderiam compartilhar mecanismos semelhantes. Uma coisa é certa: ao ler esse texto há uma boa chance de você já ter se coçado pelo menos uma vez.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ]

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