Cientistas descobrem que espécie de tubarão é capaz de viver até 400 anos

de Merelyn Cerqueira 0

Uma equipe internacional de cientistas liderada pela Universidade de Copenhague, Dinamarca, descobriu que alguns tubarões podem viver até os 400 anos de idade, com estimativas de que as fêmeas vivam até os 392. A descoberta ocorreu enquanto realizavam testes por meio de radiocarbono em 28 tubarões-da-Groenlândia.

A princípio, a equipe acreditava que esses animais teriam uma expectativa de vida de pelo menos 272 anos, um dos vertebrados de vida mais longa conhecidos.

A descoberta agora coloca a espécie na frente de outros animais campões de longevidade, incluindo a baleia-boreal, que vive em média 200 anos, e a tartaruga-gigante-de-Galápagos, cujo exemplar mais velho possui 152 anos atualmente.

Enquanto o tubarão-da-Groelândia está entre os maiores carnívoros do mundo, com os adultos chegando a cinco metros de comprimento, a biologia geral do animal foi descrita no artigo, publicado pela revista Science, como “mal compreendida” pela Ciência.

Foto: Reprodução / Daily Mail
Foto: Reprodução / Daily Mail

Eles estão entre os tubarões mais lentos, apesar de serem grandes predadores, e se alimentam de diferentes peixes e tubarões menores. A longevidade do animal, amplamente distribuído por todo o Atlântico Norte, é um mistério para biólogos marinhos mesmo após várias décadas.

Tradicionalmente, a idade dos tubarões e raias é determinada por meio de contagem das camadas de crescimento sazonal, depositadas em estruturas rígidas – semelhante à calcificação observada na estrutura óssea de atletas. Contudo, a técnica não pode ser aplicada nos tubarões-da-Groelândia, pois eles carecem de tais estruturas.

Assim, para resolver o mistério, pesquisadores analisaram o núcleo da lente do olho de 28 fêmeas capturadas acidentalmente durante as pesquisas anuais realizadas pelo Greenland Institute of Natural Resources – que costuma recolher peixes e camarões para pesquisas. Com isso eles descobriram que o centro do núcleo da lente do olho do tubarão é composto por tecidos metabolicamente inativos, que não se alteram de forma significativa desde o momento de seu nascimento.

Isso significa que sua composição química poderia ser utilizada para revelar a idade do tubarão. Com isso em mente, os pesquisadores analisaram o conteúdo por meio de radiocarbono e combinação de dados associados às alterações nas cadeias alimentares marinhas da região ao longo dos últimos 500 anos. A mesma técnica já teria sido utilizada anteriormente em baleias, mas foi a primeira vez no tubarão em questão.

Os especialistas já suspeitavam que esses animais pudessem alcançar tal longevidade por causa de seu grande tamanho e do crescimento lento que apresentam – um terço de centímetro por ano. Os dois maiores tubarões examinados na pesquisa – que mediam 4,93m e 5,02m –  tinham cerca de 335 e 392 anos de vida, respectivamente. Eles descobriram também que as fêmeas só atingem a maturidade sexual com 156 anos, o que significa que elas desfrutam um longo período de infância.

De acordo com Julius Nielsen, principal autor do estudo, os tubarões-da-Groenlândia estão entre os maiores carnívoros do planeta, e seu papel no ecossistema Ártico foi totalmente esquecido. “Espero que nossos estudos possam ajudar a trazer um foco maior sobre eles no futuro”, disse.

[ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ]

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