“Bactéria pesadelo” resistente a medicamentos está se espalhando rapidamente pelos hospitais dos EUA

de Merelyn Cerqueira 0

Pesquisadores descobriram evidências de que superbactérias resistentes a medicamentes, que foram rotuladas como “bactérias pesadelo”, estão se espalhando rapidamente e furtivamente dentro de hospitais nos EUA, de acordo com informações da Science Alert.

As estirpes, conhecidas como Enterobacteriaceae, apresentaram resistência à classe de antibióticos Carbapenem. Apenas nos EUA, infectam cerca de 9.300 pessoas por ano, matando cerca de 600 no processo. E agora os pesquisadores acreditam que ela pode ser capaz de se espalhar de pessoa para pessoa sem causar sintomas – o que explica por que, muitas das vezes, os médicos não conseguem detectá-las.

Segundo William Hanag, da Escola de Saúde Pública de Harvard, “embora o foco tipicamente esteja no tratamento de infecções relacionadas à CRE, novas descobertas sugerem que ela está se espalhando muito além dos casos óbvios”. Nós precisamos procurar por essa transmissão indetectável que está ocorrendo dentro de nossas comunidades e instalações de saúde, se quisermos acabar com ela”, disse.

A Enterobacteriaceae (enterobactéria) é uma classe de bactérias Gram-negativas que incluem a Salmonella, E. coli e Shigella, todas relacionadas a infecções comuns do estômago ou intoxicação alimentar. Quando resistente à classe de antibióticos Carbapenem, são identificadas pela sigla CRE (Carbapenem-resistant Enterobacteriaceae). Tal classe de antibióticos é considerada como último recurso, utilizado apenas quando todos os medicamentos administrados falham.

Essas bactérias são conhecidas por prosperarem em hospitais ou clínicas, onde evoluem e propagam seus genes, tornando-se eventualmente mortais para os seres humanos, uma vez que são resistentes a todos os tratamentos atualmente conhecidos. Por esse motivo, a bactéria em questão foi rotulada como “pesadelo” (Nightmare bacteria).

Um relatório oficial divulgado recentemente por um hospital dos EUA, afirmou que uma mulher havia morrido em razão de uma superbactéria resistente a todos os antibióticos disponíveis para o tratamento de pneumonia. Logo, Hanage e seus colegas descobriram que formas semelhantes estavam se espalhando em um ritmo mais acelerado do que o esperado, e de forma assintomática.

Para descobrir quão rapidamente a CRE estava se diversificando e espalhando, a equipe analisou mais 250 amostras de pacientes hospitalizados em três diferentes instalações em Boston e uma na Califórnia. Eles descobriam que as populações de CRE eram muito mais diversas do que o esperado, o que significava que seus genes resistentes se espalharam de forma rápida e fácil entre as cepas. A equipe chamou o caso de “tumulto de diversidade”.

Ainda, os pesquisadores disseram não ter sido capazes de identificar um padrão claro de transmissão. Ao que tudo indica, a resistência parecia estar se espalhando, de pessoa para pessoa, mesmo sem qualquer caso óbvio de doença ou infecção. De acordo com eles, a melhor maneira que temos de parar a CRE é evitar a transmissão em primeiro lugar.

Agora, a equipe planeja realizar mais estudos para tentar confirmar as hipóteses da pesquisa em questão, publicada em Proceedings of the National Academy of Sciences.

[ Science Alert ] [ Fotos: Reprodução / Science Alert ] 

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