Ansiedade pode ser uma manifestação precoce do Alzheimer, sugere estudo

de Merelyn Cerqueira 0

Pesquisadores há muito têm estudado os fatores de risco que aumentam as chances do desenvolvimento de Alzheimer, uma vez que a causa da doença em si ainda é cheia de nuances de mistérios e dúvidas.

Entre os potenciais riscos, por exemplo, condições neuropsiquiátricas, como a depressão, foram listadas. No entanto, agora, por meio de um estudo publicado recentemente no The American Journal of Psychiatry, cientistas verificaram que os sintomas da ansiedade podem ser um marcador dinâmico para os estágios iniciais da doença, segundo informações da Science Alert.

“Ao invés de apenas olhar a depressão como uma pontuação total, analisamos sintomas específicos como a ansiedade”, explicou a psiquiatra geriátrica Nancy Donovan, do Brigham and Women’s Hospital em Boston, Massachusetts (EUA).

“Quando comparado a outros sintomas de depressão, como tristeza ou perda de interesse, os sintomas de ansiedade aumentaram ao longo do tempo naquelas com níveis de beta-amiloide mais elevados no cérebro”.

O acúmulo de proteínas beta-amiloide já foi associado ao Alzheimer, de modo que ao formarem placas interrompem a comunicação dos neurônios. Esse corte é pensado ser o principal culpado pelo declínio cognitivo causado pela doença. Tal interrupção pode ser observado até 10 anos antes do declínio da memória ser diagnosticado.

Sabendo disso, Donovan e seus colegas pesquisadores examinaram dados do Harvard Aging Brain Study, um estudo observacional feito em um período de cinco anos com 270 homens e mulheres saudáveis ​​entre 62 e 90 anos, sem distúrbios psiquiátricos ativos.

Os participantes foram submetidos a varreduras cerebrais e analisados ​​anualmente para indícios de depressão. No decorrer do estudo, a equipe acabou descobrindo níveis altos da proteína beta-amiloide no cérebro, associados ao aumento dos sintomas de ansiedade.

“Isso sugere que sintomas de ansiedade podem ser uma manifestação da doença de Alzheimer antes do início da deficiência cognitiva”, afirmou Donovan. “Se pesquisas adicionais fundamentarem a ansiedade como um indicador precoce, seria importante não apenas identificar as pessoas no início da doença, mas também tratá-la e potencialmente abrandar ou prevenir o processo da doença no início”, acrescentou.

Contudo, os pesquisadores reconheceram que ainda não sabem como essa associação entre ansiedade e beta-amiloide ocorre. Ainda, é importante ressaltar que são necessários maiores estudos para verificar se os participantes que apresentam aumento de ansiedade de fato desenvolveram a doença.

No entanto, devido à ausência de um biomarcadores gerais para a detecção precoce de Alzheimer, a equipe acha que um exame para ansiedade pode ser uma ferramenta útil – mesmo que apenas para ajudar a reduzir o risco.

Fonte: Science Alert Foto: Reprodução / Jornal Ciência

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