A extraordinária vida conjunta das gêmeas siamesas que se recusaram a passar por uma cirurgia de separação

de Merelyn Cerqueira 0

Lupita e Carmen Andrade, de Connecticut (EUA), nasceram unidas pela região torácica e pelve. Elas compartilham algumas costelas, fígado, sistema circulatório, digestivo e reprodutor.

Embora os médicos tenham dito à família que elas poderiam viver apenas três dias após o nascimento, as gêmeas completaram 16 anos de vida e aprenderam a compartilhar cada parte de suas vidas, de acordo com informações do Daily Mail. 

As gêmeas são onfalópagas, ou seja, nasceram unidas pela região ventral – algo que compõe cerca de 10% dos gêmeos siameses.

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Quando eram mais novas, passaram anos fazendo fisioterapia para aprenderem a sentar e trabalhar juntas para usar suas pernas. Então, quando tinham quatro anos, deram seus primeiros passos juntas. 

No entanto, Lupita está sofrendo de escoliose, uma curvatura na coluna que faz com que seus pulmões só funcionem em 40% do tempo.

Embora os médicos estejam contemplando a possibilidade de cirurgia para ajudá-la a respirar melhor, o procedimento colocaria em risco a vida das meninas. Mas, à medida que envelhecem, os problemas de saúde se intensificam, piorando suas perspectivas.

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Quando eram mais jovens, os médicos consideraram separá-las, mas concluíram que não poderiam fazê-lo porque compartilhavam muitos órgãos vitais e a coluna inferior. 

As meninas possuem personalidades muito diferentes. Enquanto Carmem é a que se destaca na escola, Lupita é a mais bem-humorada.

“Muitas pessoas não percebem, porque, quando nos conhecem, temos as mesmas reações”, disse Carmen.

“Mas, uma vez que eles nos conhecem, dizem: vocês são completamente diferentes”, continuou. “Bem, sim. Somos duas pessoas diferentes”.

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Na escola, as meninas estão trabalhando em um programa agrícola, na esperança de que um dia possam seguir carreira como veterinárias ou dentro da pecuária. Ambas afirmam preferir animais a pessoas em muitas maneiras. “Eles não falam”, disse Lupita.

“Eles sabem o que você está sentindo porque sentem nossas vibrações”. “É mais terapêutico do que realmente falar com um especialista ou coisa assim”, acrescentou Carmem. “Eu acho que é porque eles não falam ou perguntam: Como você se sente sobre isso?”.

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No entanto, os receios são maiores quando o assunto é a saúde das meninas. Como os pulmões de Lupita funcionam com 40% de capacidade, quando tem problemas para respirar, Carmen tem que respirar mais forte para compensar. 

Segundo Dr. Mark Lee, cirurgião do Connecticut Children’s Medical Center, a curvatura de Lupita é “muito severa”, e que, comumente, um segmento da coluna seria removido para corrigir a malformação. Contudo, nada sobre a situação de Lupita e Carmen é comum.

Não há muita experiência sobre operações feitas em gêmeos siameses, uma vez que as chances de sobrevivência são baixas.

Cerca de um em 200.000 nascidos vivos consegue viver, enquanto grande parte deles são natimortos. 

Ele afirma que, no caso da realização da cirurgia, o pior cenário para Lupita é morrer ou perder a função neurológica. No entanto, se não for feita, a escoliose continuará a aumentar e piorar a capacidade de seus pulmões.

As meninas nasceram em Veracruz, no México, e miraram para Connecticut há dois anos com visto médico. A mãe, Norma, descobriu que estava grávida delas na 13ª semana, e um mês depois ouviu dos médicos que eram siamesas. 

Quando questionadas sobre a possibilidade de serem separadas, elas seguem firmes na negativa, afirmando que após o procedimento ainda teriam de enfrentar anos de fisioterapia cada uma. 

“E depois há toda a questão psicológica, porque estamos acostumadas a viver juntas”, disse Carmen.

“Acho que não tem necessidade”. “Nós só vamos viver a vida e é isso”, concluiu Lupita.

Fonte: Daily Mail Fotos: Reprodução / Daily Mail

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